A remuneração média por trabalhador na Administração Pública (AP) foi 51,2% superior à do setor privado em 2021, refletindo diferenças no tipo de trabalho e qualificações, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) divulgados esta terça-feira.
“Em 2021, a remuneração bruta mensal média por trabalhador era mais elevada no setor das AP do que no setor privado (2.019 euros vs. 1.335 euros; mais 51,2%)”, concluiu o INE, nas estatísticas do Emprego sobre “Remuneração bruta mensal média por trabalhador: a distribuição das remunerações brutas por trabalhador no setor das Administrações Públicas e no Setor Privado”.
Segundo a entidade, aquela diferença reflete, entre outros fatores, diferenças no tipo de trabalho realizado e qualificações dos trabalhadores que integram os setores, com os da AP a apresentar, em média, níveis de escolaridade mais elevados.
No ano em análise, 55,2% dos trabalhadores da AP tinham ensino superior (22,7% no setor privado), 26,6% tinham completado o ensino secundário ou pós-secundário (32,4% no setor privado) e 18,3% tinham um nível de escolaridade correspondente, no máximo, ao 3.º ciclo do ensino básico (44,9% no setor privado).
Mais dispersão salarial no público
Em ambos os setores, as distribuições da remuneração bruta por trabalhador são assimétricas positivas, ou seja, a mediana é inferior à média, e os dois setores têm o mesmo intervalo modal (850 a 900 euros), contudo, o setor das AP distingue-se do privado na dispersão salarial, sendo que, no último caso, os salários estão concentrados em torno da moda e da mediana, nos 996 euros.
Já no setor das AP, verifica-se também alguma concentração de trabalhadores em torno da moda (entre os 850 a 900 euros), mas a mediana correspondia, em 2021, a 1.778 euros, verificando-se, ainda, uma concentração de trabalhadores entre a mediana e os 2.450 euros.
Por nível de escolaridade completo, são igualmente observadas diferenças salariais entre os dois setores institucionais, sendo que, em 2021, a remuneração bruta mensal média dos trabalhadores da AP que completaram, no máximo, o terceiro ciclo do ensino básico foi de 1.265 euros, mais 151 euros (13,6%) do que no setor privado (1.114 euros).
Esta diferença é ainda mais acentuada no topo da distribuição, com os trabalhadores com ensino secundário ou pós-secundário a auferir em média mais 166 euros (12,3%) na AP do que no privado.
Em termos médios, para os trabalhadores com ensino superior, em relação aos quais se registaram remunerações mais elevadas, observou-se uma maior diferença entre o setor das AP (2.957 euros) e o privado (2.263 euros), alcançando quase 700 euros (30,7%).
Contudo, se observadas as diferenças relativas entre as remunerações dos trabalhadores ao longo da distribuição dos rendimentos, verifica-se que, para os trabalhadores com ensino superior, estas são estáveis em torno dos 70% na base da distribuição e diminuem desde então.
Já no topo da distribuição, o diferencial é apenas de 180 euros (3,3%), o que pode estar associado, entre outros fatores, à diferente composição etária dos trabalhadores das AP e do privado, com o primeiro grupo a apresentar uma idade média mais elevada, incluindo aqueles com ensino superior completo.