Desde o início da guerra na Ucrânia, a inflação tem disparado e não mostra sinais de abrandamento. Face aos crescentes custos de vida, vários são os países europeus que têm apresentado pacotes de combate à subida dos preços.
Já esta segunda-feira foi a vez de o governo de António Costa anunciar as medidas para Portugal, num plano orçamentado em 2,4 mil milhões de euros.
Mas como tem evoluído a inflação? Entre agosto do ano passado e março deste ano, e com a agravante da invasão russa no final de fevereiro, a média da Zona Euro havia galopado dos 3% para os 7%.
Em comparação, Portugal ainda aguentou o choque inicial, mas chegaria a ultrapassar a média europeia em junho. Neste momento, segundo a Eurostat, prevê-se que a taxa de inflação em Portugal se mantenha nos 9,4%.
Em relação ao salário dos portugueses, embora a remuneração média bruta mensal tenha aumentado comparativamente ao ano passado, essa valorização não se reflete no real poder de compra da população.
No que toca ao "salário real", isto é, a variação da remuneração em função da variação da taxa de inflação, a verdade é que os portugueses têm perdido capacidade para responder aos crescentes custos de vida.
O salário real tem estado em queda desde o ano passado, atingindo os -4,6% na mais recente atualização do Instituto Nacional de Estatística (INE).
Nem os bens essenciais têm escapado à subida dos preços. De acordo com a DECO Proteste, o preço habitual de um cabaz alimentar básico encareceu cerca de 15% entre fevereiro e agosto.
Face à situação, o Governo já deu início a um apoio extraordinário de 60 euros ao cabaz alimentar para cerca de 298.500 famílias que recebem prestações sociais mínimas, ou seja, mais de um milhão de pessoas.
As faturas da eletricidade e do gás foram também das despesas que mais deram dores de cabeça às famílias portuguesas. Ao longo do ano, a média da conta da luz quase atingiu os 70 euros para clientes da Galp, segundo dados da DECO Proteste.
Durantes os meses que se seguiram ao início da guerra na Ucrânia, o mercado regulado e também a Goldenergy conseguiram manter o preço médio das faturas da eletricidade, rondando os 35 euros mensais.
No setor do gás, o mercado regulado manteve o mesmo comportamento, apresentando faturas próximas dos 25 euros. Já nos concorrentes do mercado liberalizado, os aumentos foram praticamente inevitáveis, com a Galp a mais do que dobrar o preço médio do gás, de 30 para 63 euros.
A Iberdrola regista os valores mais elevados, ultrapassando os 75 euros de fatura mensal.
Os combustíveis também têm feito a vida negra aos bolsos dos condutores portugueses. Sendo ainda o principal meio de transporte da maioria da população, a subida do preço do petróleo fez disparar o preço médio do gasóleo e da gasolina ao longo dos vários meses de conflito na Ucrânia.
Em junho, os preços ainda viriam a ultrapassar o marco histórico dos dois euros por litro de combustível. No entanto, nos últimos dois meses, tem-se assistido a uma redução dos valores tabelados, que contam com nova de descida anunciada esta segunda-feira.
Por último, a subida constante das taxas Euribor tem tido uma repercussão direta na evolução das prestações mensais do crédito à habitação. Entre março e setembro, já se registou um aumento de quase 25% e não se prevê que esta escalada trave tão cedo.