A “incógnita sobre o futuro” é o que preocupa a Associação de Médicos de Saúde Pública. À Renascença, Gustavo Tato Borges lembra que o SNS enfrenta diversos problemas que agudizam o seu funcionamento e, por isso, são precisas respostas céleres.
“Neste momento, tudo aquilo que estávamos que poderia acontecer de mudança no SNS fica suspenso. Precisamos de aguardar para perceber que rumo a próxima pessoa, que vai tomar conta do Ministério da Saúde vai assumir.”
Gustavo Tato Borges defendeu que Marta Temido "enfrentava, se calhar, o segundo maior desafio da sua carreira como ministra da Saúde", após a pandemia de covid-19. Em causa estão os constrangimentos que afetam diversas áreas do Serviço Nacional de Saúde (SNS), elencando problemas de curto prazo, como "a questão das urgências", e de longo prazo, como o novo estatuto ou a direção executiva do SNS.
"É muito difícil fazer uma avaliação cabal que diga que a ministra esteve bem ou esteve mal, isso dependerá também muito das perspetivas políticas de cada um e da própria área de interesse. O que posso dizer é que na área da saúde pública praticamente nada mudou que viesse mudar o futuro daquilo que são os serviços e os profissionais de saúde pública", assumiu.
Na sua opinião, faltou uma reforma estrutural na área da saúde pública por parte do Ministério da Saúde liderado durante quase quatro anos por Marta Temido. Entre as medidas reivindicadas estão questões de "contratualização, autonomia técnica e financeira das instituições e maior capacidade de resposta e independência de cargos de chefia", além de uma excessiva burocracia que limita a atividade destes profissionais.
À Renascença, fonte próxima do Primeiro-ministro revelou que a substituição da ministra da Saúde “não será rápida", adiantando que Marta Temido deverá manter-se no cargo, pelo menos, ainda “durante a primeira semana de setembro”.
A ministra da Saúde apresentou demissão esta madrugada por entender que "deixou de ter condições" para exercer o cargo, demissão que foi aceite pelo Primeiro-ministro.
Marta Temido iniciou funções como ministra da Saúde em outubro de 2018, sucedendo a Adalberto Campos Fernandes.
Durante os seus mandatos, esteve no centro da gestão da pandemia, que começou em 2020, mas também atravessou várias polémicas. Recentemente, o encerramento dos serviços de urgência de obstetrícia em vários hospitais por falta de médicos para preencher as escalas pressionou a tutela.
A saída da ministra da Saúde acontece após a morte de uma mulher após uma cesariana de urgência no Hospital São Francisco Xavier. A grávida de 31 semanas tinha sido transferida de Santa Maria por falta de incubadoras no serviço de Neonatologia e sofreu uma paragem cardiorrespiratória durante o transporte.