O líder parlamentar do Bloco de Esquerda, Pedro Filipe Soares, defendeu este sábado que "o desafio que está em cima da mesa" em relação ao Governo empossado é saber a quais políticas dará continuidade, considerando que "há muito ainda por definir".
"Disse o senhor primeiro-ministro que este um Governo que dará continuidade às políticas anteriores, eu creio que esse é o desafio que está em cima da mesa, a quais políticas é que dará continuidade", afirmou Pedro Filipe Soares à saída da cerimónia de tomada de posse do XXII Governo Constitucional, liderado pelo socialista António Costa.
Assim, na perspetiva do líder parlamentar bloquista, importa saber se o novo executivo vai prosseguir as "políticas de recuperação de rendimentos, de garantia de uma distribuição de riqueza que melhora a vida das pessoas" ou se vai dar "continuidade a uma cedência na Concertação Social a patrões que não querem ver uma legislação laboral que dá dignidade aos trabalhadores" e da "falta de investimento em serviços públicos".
"Quais dessas continuidades está na mão do Governo escolher. Da parte do Bloco de Esquerda sabem que seremos uma força para a estabilidade da vida das pessoas, para a garantia que o que de bom aconteceu pode significar ainda melhor no futuro", garantiu.
Na perspetiva de Pedro Filipe Soares, "há muito ainda por definir", sublinhando que o "investimento nos serviços públicos não foi referido" e "a forma de valorização dos salários está ainda parcialmente apresentada".
"Não se esgota nem o programa de Governo no discurso de hoje do primeiro-ministro nem a governação no Programa de Governo. Sabemos que a seguir vem o Orçamento do Estado e é nessas políticas concretas que nós vemos qual é a continuidade que será dada na política", remeteu.
Já sobre o facto de António Costa ter assumido a meta de colocar salário mínimo nos 750 euros em 2023, o dirigente e deputado bloquista reiterou que para o partido e para o país é essencial "haver uma programação do aumento do salário mínimo nacional".
"É importante que o valor do salário mínimo não seja depois sinónimo, como nós tivemos de acordos de concertarão social no passado, da fragilização da Segurança Social", avisou, lembrando que uma negociação em 2017 "teve exatamente essa consequência com uma tentativa de reduzir a comparticipação dos patrões para a TSU".
Assim, "o anúncio só da medida isoladamente" merece ao Bloco "muito maior análise".