Demissão do primeiro-ministro ou "guerra civil". Gangue armado ameaça Haiti
06-03-2024 - 17:53
 • Renascença

“Ou o Haiti se torna um paraíso para todos nós, ou um inferno para todos nós”, afirmou o líder do grupo criminoso G9, Jimmy "Barbecue" Chérizier.

O líder de um gangue anunciou na terça-feira que vai começar uma guerra civil se o primeiro-ministro do Haiti, Ariel Henry, não se demitir. Jimmy Chérizier, conhecido como "Barbecue", é o líder responsável pelo motim dos últimos seis dias naquela país das Caraíbas.

“Se Ariel Henry não renunciar, se a comunidade internacional continuar a apoiá-lo, caminharemos diretamente para uma guerra civil que levará ao genocídio“, ameaçou Jimmy Chérizier, em conferência de imprensa.

Jimmy Chérizier tem 46 anos, é um antigo polícia e, atualmente, comanda o G9, o grupo de crime organizado mais poderoso do Haiti. Já foi sancionado pelas Nações Unidas por se ter envolvido "em atos que ameaçam a paz, a segurança e a estabilidade do Haiti” e ter violado os direitos humanos, segundo a resolução 2653 do Conselho de Segurança.

No sábado, criminosos armados invadiram as duas maiores prisões do Haiti, La Capitale e Croix des Bouquets, e soltaram cerca de 3.600 reclusos, muitos deles líderes de gangues.

“Devemos unir-nos. Ou o Haiti se torna um paraíso para todos nós, ou um inferno para todos nós”, afirmou Chérizier à imprensa haitiana.

As tensões na região agravaram-se a 29 de fevereiro, depois de o primeiro-ministro das Bahamas, Phillip Davis, ter afirmado que Ariel Henry se comprometeu a realizar eleições até 31 de agosto de 2025. Esta declaração desagradou os líderes dos gangues que exigiam a demissão do primeiro-ministro até ao fim de fevereiro.

Para os gangues do Haiti, o papel de chefe do governo de Ariel Henry é "ilegítimo", uma vez que o mesmo ocupou o cargo após a assassinato do ex-presidente Jovenel Moise, sem realizar qualquer tipo de eleições.

Segundo o jornal El Nuevo Día, o primeiro-ministro voou para o Quénia no sábado, com o fim de debater o possível envio de uma missão multinacional de apoio à segurança. Na terça-feira tentou voltar para o Haiti, mas não teve autorização do aeroporto para aterrar, o que levou a resguardar-se em Porto Rico.

Nos últimos dias do conflito, gangues armados tentaram tomar controlo do principal aeroporto de Porto Príncipe, Toussaint Louverture, que tem sido defendido pelo exército e pela polícia. A instabilidade no território levou as companhias aéreas internacionais a cancelar todos os voos para Port-au-Prince.