O economista João Duque considera que a suspensão da subscrição dos Certificados de Aforro Série E é uma medida "que peca por tardia".
À Renascença, o especialista explica que a medida "protege o sistema bancário e assegura que a sua gestão está mais de acordo com as suas necessidades".
"Estava a remunerar muito bem uma aplicação que é facilmente desmobilizável. Afluíram 11 mil milhões de euros que podiam afluir, rapidamente, no sentido contrário. Isso poderia pôr em causa a liquidez do Estado, a curto-prazo", explica.
João Duque aponta, assim, que "não faz sentido criar desequilíbrios muito grandes para captar recursos, porque o problema da República Portuguesa não é esse".
"Cada vez que a República Portuguesa vai ao mercado e emite dívida, tem condições para ir buscar muito volume de financiamento e credores. Não fazia sentido estar a insistir e a pagar mais, criando dificuldades ao sistema bancário", refere.
A partir de segunda-feira, será possível subscrever a série F, com novas condições menos vantajosas. Os juros passam de 3,5% para um máximo de 2,5%.
A taxa base aplicável à Série F é “determinada mensalmente, no antepenúltimo dia útil do mês, para vigorar durante o mês seguinte”, adianta o Ministério das Finanças.
Ainda antes desta medida ser conhecida, João Duque já pedia "a abertura de uma nova série, com condições mais baixas".
"É aquilo que faz sentido. Neste momento, o Tesouro, em vez de financiar de acordo com o que é a lógica do mercado, devia estar a remunerar taxas muito mais inferiores. É o que eu estou à espera", partilhava.
Desde a subida das taxas de juro, os Certificados de Aforro têm sido usados pelos portugueses para investir as suas poupanças, tendo o juro atingido o teto máximo de 3,5% em fevereiro.
Segundo dados do Banco de Portugal (BdP), no primeiro trimestre deste ano as famílias aplicaram mais de 9.000 milhões de euros em Certificados de Aforro, contra apenas 150 milhões de euros no período homólogo.