O Presidente da República afirmou esta terça-feira que "acompanha a preocupação manifestada por vários partidos políticos e autarcas relativamente ao plano de retoma de rotas da TAP, em particular no que respeita ao Porto".
Marcelo Rebelo de Sousa transmitiu esta posição em resposta à agência Lusa, questionado sobre o plano de rotas áreas para os próximos dois meses tornado público pela TAP na segunda-feira, composto maioritariamente por voos de ligação a Lisboa, que tem recebido críticas.
O plano foi criticado pelo líder do PSD. A TAP transformou-se numa “empresa regionalgional” e “não pode ter os apoios de uma empresa que é estrategicamente importante para o país”, defende Rui Rio. O líder social-democrata falava esta terça-feira à tarde no final de uma audiência com o primeiro-ministro, António Costa.
O presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, e autarcas de municípios como Gondomar, Valongo e Vila Real, e dirigentes do PS, do PCP e do BE, entre outros, também mostraram "cartão encarnado" aos planos da companhia aérea.
Em conferência de imprensa, Rui Moreira acusou esta terça-feira a TAP de "impor um confinamento ao Porto e Norte", acrescentando que com este plano de rotas a companhia aérea "abandona o país, porque estar só em Lisboa representa abandonar o país".
Entretanto, também em conferência de imprensa, o secretário-geral adjunto do PS, José Luís Carneiro, desafiou a TAP a corrigir o plano de rotas aéreas tornado público, considerando que a decisão da comissão executiva da transportadora aérea de reduzir voos e destinos "lesa o interesse nacional".
A TAP publicou na segunda-feira o seu plano de voo para os próximos dois meses, que implica 27 ligações semanais em junho e 247 em julho, sendo a maioria de Lisboa. No seu site, a companhia aérea avisa que as rotas podem vir a ser alteradas caso as circunstâncias o exijam.
A TAP tem a sua operação praticamente parada desde o início da pandemia, à imagem do que aconteceu com as restantes companhias aéreas, prejudicadas pelo confinamento e pelo encerramento de fronteiras apara conter a covid-19.
O plano de retoma das operações é conhecido numa altura em que o Estado português e a administração da TAP vão iniciar negociações com vista a um eventual apoio para fazer face à crise provocada pela pandemia de Covid-19.
O ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, diz que não se pode excluir qualquer cenário para a companhia aérea, inclusivamente a insolvência. O governante diz que a empresa tem uma “dívida brutal”, que ascende a 3,3 mil milhões de euros.
Dias antes, o primeiro-ministro, António Costa, tinha dito no Parlamento que só haverá apoio à TAP com "mais controlo e uma relação de poderes adequada", mas assegurou que a transportadora aérea continuará a "voar com as cores de Portugal".
Na semana passada, a TAP decidiu voltar a prolongar o período de "lay-off" dos trabalhadores até final de junho, justificando com as restrições à mobilidade e a operação reduzida prevista para aquele mês.
O setor da aviação é um dos mais afetados pela pandemia. O Governo alemão e a administração da Lufthansa chegaram esta segunda-feira a acordonsa chegaram esta segunda-feira a acordo relativamente à ajuda de Estado que a companhia aérea alemã vai receber para fazer face às perdas registadas com os efeitos da pandemia da covid-19. Sao 9 mil milhões de euros.
A pandemia de covid-19, doença provocada por um novo coronavírus detetado no final de dezembro na China, atingiu 196 países e territórios, registando-se mais de 346 mil mortos e mais de 5,5 milhões de pessoas infetadas a nível global, com quase 2,2 milhões de doentes considerados curados, segundo um balanço da agência de notícias AFP.
Em Portugal, morreram 1.342 pessoas num total de 31.007 confirmadas como infetadas, com 18.096 doentes recuperados, de acordo com o relatório de hoje da Direção-Geral da Saúde (DGS).