Para Pedro Nuno Santos, é preciso fazer política para todos os portugueses e não apenas para alguns, mesmo que esses alguns sejam os mais carenciados. O ministro das Infraestruturas e dirigente do PS esteve na manhã desde domingo num encontro digital promovido pela Juventude Socialista. Aí, defendeu a universalidade das políticas, por oposição a criar medidas para pequenos grupos, dando o exemplo da habitação, uma das áreas que tutela.
Os jovens e mesmo a classe média “têm muita dificuldade no acesso à habitação. Os jovens querem constituir família, sair de casa dos seus pais, ter os seus filhos, ter o seu lar, e não conseguem. E se nós quisermos que a política de habitação e os programas que estamos a defender não sejam alvo de ataque pela extrema-direita - porque nós já vimos em Portugal, cada vez que nós falamos de habitação, temos alguém a dizer: "Lá estão eles a querer gastar com os coitadinhos”, lembrou.
De acordo com o ministro, “só conseguiremos defender a nossa política de habitação quando nós tivermos a população de rendimentos intermédios a sentir que beneficia dela, é assim que nós defendemos o Serviço Nacional de Saúde, é assim que nós defendemos a escola pública. Nós temos, de quando construímos as políticas públicas, pensar sempre na universalidade. Porque é a universalidade que vai defender as políticas públicas no futuro”.
Pedro Nuno Santos pediu, por exemplo, que não se caia na tentação de fazer o discurso dos manuais escolares gratuitos apenas para os mais carenciados.
“Essa tentação, de nós dizermos que, por exemplo, os manuais escolares devem ser apenas para os que necessitam do ponto de vista financeiro, nós estamos a cometer um erro. A escola é para todos. A redistribuição de rendimento faz-se através do sistema fiscal. A escola de todos. Ninguém vai perguntar se tem rendimentos a mais ou a menos para a frequentar. E para ela são dadas todas as condições, manuais escolares incluídos. A social-democracia, se quiser voltar a representar a maioria do povo, nós temos de ter discurso para a maioria do povo, nós temos que representar a maioria do povo. E nem sempre o temos feito da melhor maneira”, defendeu.
O ministro lembrou também que era um erro continuar a alargar o instrumento da condição de recursos a todas as políticas.
“Porque é que a universalidade da política é tão importante para um socialista e porque é que é um erro nós continuarmos a alargar o instrumento de condição de recursos a todas as políticas. A universalidade é o instrumento que nos permite que as políticas não sejam apenas de alguns, mas sejam dirigidas a todos”, disse.
Pedro Nuno Santos apontou que a elite dirigente do PS não tem a mesma condição económica da maior parte da população e dos próprios militantes socialistas. Isso condiciona as políticas públicas dando prioridade a preocupações que estão muito distantes de grande parte da população que resulta num problema de representação e um sentimento generalizado de abandono, assumindo que os socialistas têm falhado aqui, sublinhou.