O secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), Jens Stoltenberg, afirmou hoje que os "referendos fictícios" nos territórios ucranianos controlados pela Rússia são "ilegais" e que constituem uma "violação flagrante do direito internacional".
Numa publicação na rede social Twitter, e após uma reunião com o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, Stoltenberg reiterou a Kiev o apoio dos aliados ao direito à autodefesa da Ucrânia.
"Os referendos fictícios organizados pela Rússia não têm legitimidade e são uma violação flagrante do direito internacional. Essas terras pertencem à Ucrânia", sublinhou o secretário-geral da NATO.
As autoridades pró-russas das quatro regiões ucranianas controladas pela Rússia reivindicaram hoje que o "sim" lidera na contagem dos votos, segundo os resultados preliminares do referendo de anexação denunciado pela comunidade internacional, indicaram três agências de notícias russas.
Segundo as agências Ria Novosti, Tass e Interfax, as autoridades de cada uma das quatro regiões ucranianas afirmaram que o "sim" conquistou entre 97 e 98 por cento dos votos, quando estão contados entre 20% a 27% dos boletins.
Em Kiev, o chefe da diplomacia ucraniana, Dmytro Kouleba, afirmou já que os resultados dos quatro "referendos" orquestrados por Moscovo "não mudarão" as ações da Ucrânia face ao exército russo.
"Isso [resultados dos referendos] não mudará nada na nossa política, na nossa diplomacia e nas nossas ações no campo militar", frisou Kouleba, numa conferência de imprensa em Kiev, ladeado pela homóloga francesa, Catherine Colonna.
Os referendos sobre a adesão à Federação russa dos territórios ucranianos ocupados de Donetsk, Lugansk, Zaporijia e Kherson terminaram hoje, segundo as autoridades pró-russas, mas serão objeto de discussão numa reunião no Conselho de Segurança das Nações Unidas.
A Ucrânia e a comunidade internacional afirmaram que não reconhecerão os resultados e a validade dos referendos.
Em 2014, a Rússia usou o resultado de um referendo realizado sob ocupação militar para legitimar a anexação da península ucraniana da Crimeia, no Mar Negro.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de mais de 13 milhões de pessoas -- mais de seis milhões de deslocados internos e mais de 7,4 milhões para os países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 5.996 civis mortos e 8.848 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.