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A coligação PSD/CDS não apresentou uma "proposta concreta" para chegar a um acordo que garanta a governabilidade, disse o líder do PS aos jornalistas depois de uma reunião "bastante inconclusiva" na sede social-democrata, em Lisboa, que demorou três horas. A acusação foi devolvida, pouco depois, por Pedro Passos Coelho.
O líder do PSD diz que deve ser o PS a apresentar propostas porque "houve um programa que foi sufragado nas eleições com mais expressão" (o da coligação e não o do PS). Mas, para impedir um "impasse", Passos diz-se disponível para ser "atrevido" e adivinhar que medidas os socialistas gostariam de ver aprovadas para garantir condições de estabilidade governativa.
O PS diz, por seu lado, que o "ónus da governabilidade" está do lado do PSD/CDS. Há um "novo quadro parlamentar em que [a coligação] perdeu a maioria e em que necessita de criar condições de governabilidade e de estabilidade", declarou António Costa aos jornalistas.
"Julgo que o facto de o PS não ter apresentado uma proposta não devia conduzir a um impasse", ripostou, minutos depois, Passos. O PS "preferiu" que fosse a coligação "escolher propostas" do Partido Socialista, atirou.
Nova reunião
Jogo do empurra? O líder social-democrata diz que não. Na terça-feira haverá nova reunião entre Passos, Paulo Portas e António Costa. A coligação fará propostas tendo em conta o programa do PS, mas que não ponham em causa a filosofia do seu próprio programa – um exercício "atrevido", de uma "certa adivinhação", mas exequível, caracterizou Passos.
O PSD/CDS não traça "linhas vermelhas". "Se for possível fazer uma restituição mais rápida dos salários, se for possível fazer uma remoção mais rápida da sobretaxa, não o deixaremos de fazer", afirmou o primeiro-ministro.
"Estamos disponíveis para nos aproximarmos do Partido Socialista", disse. Mas "remover a austeridade" não pode pôr em causa o cumprimento das metas que o Tratado Orçamental impõe, nomeadamente um défice igual ou inferior a 3%.
"O país não perceberia, depois de ter escolhido como vitoriosa uma força política, que, pelo facto de não ter maioria absoluta, essa maioria não estivesse disponível para acolher outras propostas e para dialogar e chegar a um compromisso. É essa a nossa obrigação, mas não é uma obrigação só nossa", referiu.
Elogios ao PCP
Aos jornalistas, António Costa defendeu que o "ónus" de garantir as condições para governar está do lado do PSD/CDS, "aliás, na sequência do convite que foi dirigido pelo Presidente da República ao doutor Pedro Passos Coelho".
"O diálogo tem que assentar numa proposta concreta" da coligação que venceu as eleições, afirmou Costa, que esperava mais do PSD/CDS. Costa lembrou que o PCP, ao contrário da coligação PSD/CDS, apresentou propostas ao PS.
O secretário-geral do PS fez questão de sublinhar o que diz serem as diferenças da atitude da coligação face ao PCP, que apresentou propostas passíveis de análise pelos socialistas.
"Com o PCP foi mais fácil, porque havia matéria concreta que foi posta em cima da mesa e sobre a qual foi possível discutir e definir um método de trabalho mais concreto. Nesta [com a coligação PSD/CDS-PP], vamos ter de aguardar pelo início da próxima semana para podermos ter uma proposta que seja susceptível de apreciação por parte do PS", disse.