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A circulação da variante inglesa do novo coronavírus "está já em valores acima dos 13%” em Portugal, revelou esta quarta-feira a ministra da Saúde, Marta Temido.
A governante falava aos jornalistas durante uma visita ao novo hospital de campanha, instalado na Cidade Universitária, em Lisboa.
Este é um dos indicadores considerados muito preocupantes por Marta Temido, juntamente com a taxa de positividade dos testes à Covid-19 e o número diário de mortes e casos.
Numa altura em que Portugal atravessa a pior fase da pandemia, Manuel Carmo Gomes disse esta quarta-feira à Renascença que a nova variante do SARS-CoV-2, inicialmente detetada no Reino Unido, está a aumentar em Portugal.
De acordo com o relatório do INSA, submetido na página virological.org, a proporção desta variante, face às amostras de testes positivos analisadas, atingiu os 13.3%, na segunda semana de janeiro. A frequência da variante aumentou, por isso, a um ritmo de 70% por semana, o que leva os investigadores a assumir que, se assim se mantiver, a frequência de casos da nova variante pode atingir os 60% na primeira semana de fevereiro.
A ministra da Saúde foi questionada sobre a reunião que vai realizar esta quarta-feira com epidemiologistas e um eventual encerramento das escolas.
“A reunião vai servir para fazer uma avaliação da situação epidemiológica neste momento e também avaliação da nova variante inglesa, a sua circulação e prevalência e, eventualmente, a avaliação de medidas adicionais que possam ser necessárias, isso é uma realidade que está sempre em cima da mesa", respondeu Marta Temido.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, disse que uma decisão sobre manter abertas ou encerrar as escolas “deve ser tomada nas próximas horas”., na sequência da reunião entre o Governo e os peritos.
O Governo "tem tentado por todos os meios adotar medidas proporcionais a gravidade da situação" e o momento é grave, sublinha.
“A gravidade da situação atual está à vista: hoje tivemos mais de 14 mil casos, novamente um número de óbitos que ultrapassou os 200, temos o SNS e as estruturas que com ele estão a colaborar num extremo de utilização e temos alguns indicadores que se mantêm muito preocupantes”, declarou a ministra.
Novas camas hospitalares em preparação
A ministra da Saúde afirma que "ainda esta semana serão recebidos aqui os primeiros doentes" no hospital de campanha, instalado na Cidade Universitária, unidade que vai utilizar profissionais de vários centros hospitalares de Lisboa.
Marta Temido adianta que diariamente estão a ser feitos esforços para aumentar uma capacidade de resposta que é limitada.
A governante deu o exemplo do Hospital das Forças Armadas que, através do pólo do Porto e Lisboa, se está a reorganizar para reforçar o apoio em tempo de pandemia e criar novas camas de internamento.
O Governo também está a trabalhar com o setor social e privado: "neste momento, temos 21 convenções na ARS [administração regional de saúde] Norte, 19 em Lisboa e Vale do Tejo e um número na casa das 17 na ARS Centro. No Alentejo temos menos possibilidades de desenvolvimento pelos serviços disponíveis e no Algarve estamos a trabalhar".
Marta Temido refere que a "colaboração com setor social, privado e militar e sociedade civil são respostas que todos os dias têm conhecido algum alargamento, mas os recursos são finitos".
Questionada se o Governo está a guardar meios para um agravamento da pandemia, a ministra afirma que "toda a capacidade que existe nós queremos utilizá-la já, amanhã pode ser tarde demais. Este é um momento de todos darmos o nosso melhor e darmos o tudo por tudo”.
O boletim diário da Direção-Geral da Saúde indica que, nas últimas 24 horas, registaram-se mais 219 mortes e 14.647 novos casos de Covid-19. Estes números representam novos máximos diários, quer de vítimas mortais, quer de novas infeções.
O número de internados mantém a tendência de crescimento. Há agora 5.493 pessoas internadas com Covid, mais 202 do que ontem, das quais 681 em cuidados intensivos (mais 11 do que ontem).