O líder da oposição russa, Alexei Navalny, partilhou uma fotografia nas suas redes sociais, esta terça-feira, onde surge sentado na cama do hospital, rodeado pela família.
Na publicação, o político refere que já consegue respirar sem a ajuda de ventilação mecânica, depois de, alegadamente, ter sido envenenado por um agente nervoso do grupo Novichok, um veneno desenvolvido pela União Soviética nas décadas de 70 e 80.
“Olá, daqui fala Navalny. Tenho saudades vossas”, escreveu o político na sua conta de Instagram. “Ainda não consigo fazer grande coisa, mas ontem consegui respirar sozinho durante todo o dia. Sozinho, mesmo”.
Navalny está internado há 24 dias no hospital Charite, em Berlim. A instituição hospitalar anunciou, na segunda-feira, que o líder da oposição russa foi removido, com sucesso, da ventilação mecânica e que consegue, agora, levantar-se da cama por curtos períodos de tempo.
Ainda esta terça-feira, o porta-voz do governo russo, Dmitry Peskov, avançou que Moscovo está disponível para esclarecer o que terá acontecido com o principal opositor do presidente Vladimir Putin, mas que, para isso, precisa de ter acesso a informações sobre o caso por parte da Alemanha, avança a Reuters.
Peskov diz que todos ficariam felizes com a recuperação de Navalny e que este tem liberdade para regressar ao país. No entanto, o porta-voz acrescenta que não entende por que razão a Rússia não teve permissão para testar as amostras médicas de Navalny, tal como foi acedido a laboratórios franceses e suecos.
Navalny planeia regressar à Rússia, avança, esta terça-feira, a sua assessora, Kira Yarmysh, através do Twitter.
Respondedo a perguntas de jornalistas sobre os planos de viagem do opositor político, Yarmysh escreveu que "nunca foram consideradas outras opções" a não ser o regresso ao país.
A melhora do estado de saúde de Navalny permite-lhe receber mais visitas, o que, na perspetiva das autoridades alemãs, aumenta o risco de um ataque contra o líder político russo.
De acordo com informações do jornal semanário Der Spiegel e do ‘site’ de investigação jornalística britânico Bellingcat, as forças de segurança alemãs aumentaram o número de agentes que garantem a segurança de Navalny no hospital Charité, em Berlim.
A intensidade dos controlos policiais em torno do líder oposicionista russo também aumentou.
Navalny acordou do coma induzido em que se encontrava, começando a responder a estímulos verbais, na semana passada.
Desmaiou durante um voo interno na Rússia, em 20 de agosto e, dois dias depois, a pedido da família, foi transferido para Berlim, para tratamento.
Desde o primeiro momento que os colaboradores do líder da oposição ao regime do Presidente russo, Vladimir Putin, falam de envenenamento, algo que especialistas da Charité e da Bundeswehr (exército alemão) confirmaram.
Navalny terá sido vítima um agente nervoso do grupo Novichok, um veneno desenvolvido pela União Soviética nas décadas de 70 e 80 do século passado.
A chanceler alemã, Angela Merkel, desafiou o governo russo a investigar de forma transparente este "crime", já que o veneno Novichok só é encontrado na Rússia.
Moscovo nega as acusações de envenenamento e considera as alegações do Governo alemão uma forma de tentar “desacreditar a Rússia no cenário internacional”.