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O presidente do PSD criticou hoje o secretário-geral do PS por ter dito que em 2021 a economia portuguesa cresceu 4,6%, acusando-o de divulgar um dado a que só teve "acesso sob reserva" por ser primeiro-ministro.
"Aquilo que eu entendo que não é razoável é ele ter acesso a determinados números na sua qualidade de primeiro-ministro, acesso sob reserva, embargo, e achou que lhe dava jeito para a campanha eleitoral e, como secretário-geral do PS e candidato, resolveu divulgar esses dados", declarou Rui Rio aos jornalistas, em Leiria.
O presidente do PSD, que falava após um encontro com representantes das comunidades intermunicipais de Leiria e de Coimbra, acrescentou: "É isso aqui que está mal, porque utilizou um dado a que teve acesso apenas porque é primeiro-ministro".
Relativamente ao valor do crescimento económico referido por António Costa, de 4,6%, Rui Rio observou: "Ele achou que aquilo era um número fantástico. Até está um número um bocadinho abaixo daquilo que eram as projeções do Governo".
Por outro lado, o presidente do PSD defendeu que o crescimento deve ser avaliado em função da base de partida.
"Quando nós partimos de uma base muito baixa, a taxa de crescimento é evidentemente maior a seguir. Portanto, uma coisa é eu ter taxas de crescimento de 3%, 4%, 5%, e 4%, é relevante, outra coisa é eu ter uma taxa de crescimento depois de ter caído 8%", comparou.
Hoje, em declarações aos jornalistas, em Fafe, no distrito de Braga, o secretário-geral do PS negou que tenha citado o Instituto Nacional de Estatística (INE) quando disse que o crescimento económico em 2021 foi de 4,6%, alegando tratar-se de previsões que tem repetido "várias vezes" na campanha para as legislativas de domingo.
"Eu nem sei o que é que o INE tem a ver com a questão, porque eu não citei INE nenhum. Eu disse quais são as previsões que existem e que é a previsão com que temos estado a trabalhar. Agora, o INE revelará os seus números quando tiver os seus números, não percebo essa questão sequer", afirmou António Costa.
Questionado se não quis usar aquele dado como "trunfo" de campanha eleitoral, o secretário-geral do PS respondeu: "Isso é um número que eu tenho repetido por várias vezes, as previsões que indicam que tivemos no ano passado um crescimento da economia de 4,6% e que, neste ano, temos uma previsão de crescimento da economia de 5,8%".
"Já referi várias vezes este número. O que é que surgiu de novo agora, não sei. Este número é um número que tenho utilizado várias vezes, pelo menos desde a campanha eleitoral", reforçou.
Na terça-feira, durante uma arruada em Coimbra, António Costa disse que, apesar da crise provocada pela covid-19, a economia portuguesa cresceu 4,6% em 2021 e que a generalidade dos organismos internacionais estima um crescimento de 5,8% para este ano.
Ao canal televisivo CNN Portugal, o INE enviou uma nota em que indica que, "em conformidade com a política de difusão seguida e que consta no portal", não antecipa "resultados aos membros do Governo".
"O INE ainda não apurou o resultado do 4.º trimestre de 2021 e, consequentemente, a variação média anual ainda não existe. Conforme o calendário habitual, só no próximo dia 31 de janeiro se saberá qual a primeira estimativa do INE", indicou.
Em outubro, no âmbito da discussão do Orçamento do Estado para 2022, o Governo estimou que o crescimento económico em 2021 seria na ordem dos 4,8%.