Rui Quinta, antigo treinador adjunto de Vítor Pereira no FC Porto, considera que o desequilíbrio emocional "matou" os portistas na Liga dos Campeões.
Não terá sido o único fator, mas numa entrevista a Bola Branca, Rui Quinta deixa clara a sua ideia quando se refere ao minuto 70. Foi nessa altura que Wendell usou a mão direita para afastar um adversário e acabou por ser expulso, anulando o efeito da expulsão de Carrasco, minutos antes, no Atlético de Madrid.
“A expulsão de Wendell é um momento-chave, porque o Porto estava em superioridade numérica e não chegou sequer a usufruir dela. Depois, expôs-se a uma das armas que o Atlético de Madrid utiliza muito bem, o contra-ataque. O Porto acaba por ser afastado da Champions um pouco por culpa própria” e o Atlético “beneficiou de algum desequilíbrio emocional”, observa Rui Quinta.
Além das questões emotivas, o experiente treinador de 61 anos aponta a outra "pecha" do FC Porto, na derrota (1-3) com o Atlético Madrid: a incapacidade para materializar em golos as oportunidades criadas, um traço comum a outros jogos nesta fase de grupos da Liga dos Campeões.
“No início da segunda parte, o Porto tem duas perdidas que poderiam ter marcado o jogo. A equipa sofre o golo e depois o Atlético de Madrid sentiu-se muito confortável na sua matriz de jogo”, assinala.
Com tudo perdido e nada a perder, Sérgio Conceição foi à procura do golo que permitiria ao Porto chegar ao empate e passar aos oitavos de final (no outro jogo, o Milan perdia em casa com o Liverpool). O técnico portista, numa decisão pouco habitual, trocou quatro jogadores num só momento. Para Rui Quinta, a forma como a equipa se expôs no plano defensivo, acabou por atraiçoar as pretensões do treinador.
“A dez minutos do fim, o Porto foi à procura de um golo. Abriu a frente de ataque, com outros jogadores com capacidade para visar a baliza, porque as coisas não estavam a funcionar”. A profunda mudança operada pelo treinador “deu largura e também consistência no jogo interior, mas acabou por expor muito a equipa no seu equilíbrio defensivo e isso foi-lhe fatal”, reconhece Rui Quinta.
Tudo para ir longe na Liga Europa. Liga dos Campeões soube a pouco
Pela primeira vez desde que Sérgio Conceição assumiu o comando técnico, o FC Porto não passa da fase de grupos da Liga dos Campeões. Os cinco pontos somados em 18 possíveis são um dos piores registos dos azuis e brancos nesta fase da prova e nem mesmo o facto de, no mesmo grupo, figurarem emblemas de topo como Liverpool, o AC Milan e o Atlético de Madrid, anulam o desapontamento de Rui Quinta, que esperava mais, “porque o Porto é uma equipa que não diferencia adversários, disputa cada jogo como se não houvesse mais nenhum e a cultura do clube valoriza aquilo que é e a sua história”.
O desafio imediato da equipa de Sérgio Conceição é o Sporting de Braga, para a jornada 14 da 1.ª Liga. Rui Quinta acredita que o Porto vai reagir bem e que as feridas provocadas pelo afastamento da Liga dos Campeões não são graves.
“A marca que pode deixar é que o Porto tem uma dimensão de jogo de nível europeu. É uma marca de reforço das ideias e da qualidade dos seus jogadores”, assinala.
Já quanto ao próximo desafio do FC Porto na UEFA – o "play-off" de acesso aos oitavos de final da Liga Europa – Rui Quinta adverte que “nas provas a eliminar, por vezes as grandes projeções caem por terra, porque tudo depende de um jogo que pode, ou não, correr bem; isso acaba por marcar o desfecho das eliminatórias”.
Em todo o caso, o treinador declara, em conclusão, não ter qualquer dúvida de que “o Porto tem condições para ultrapassar os adversários que lhe possam cair em sorte”.