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O bispo de Viana do Castelo recebeu dois nomes de padres denunciados por alegados abusos sexuais. D. João Lavrador revela que um sacerdote morreu e outro já não estará no ativo.
“Eu recebi dois nomes. Um primeiro nome é de alguma maneira identificável porque tem nome e apelido e essa pessoa já morreu há bastante tempo”, disse esta quarta-feira o bispo de Viana, à margem da entrega do Prémio Árvore da Vida, em Lisboa.
D. João Lavrador adiantou aos jornalistas que um segundo nome já não estará no ativo.
“A outra pessoa, que me deram apenas um nome, que não sei se é nome próprio se é apelido, fui verificar a lista da Diocese e aparece realmente esse nome. Daí tiro a ilação de que será uma pessoa que já não está no ativo, dadas as condições de fragilidade pessoal”, explica o prelado.
Em resumo, D. João Lavrador refere que: “os dois nomes que me deram, nenhum está no ativo. Um porque já morreu e outro - supondo que é esse - não está no ativo”.
O bispo de Viana sublinha que, se alguns dos padres denunciados por abusos estivesse no ativo, “seria dada a informação à sociedade porque estamos perante uma realidade de presumível crime”.
“Teria ocasião de falar com a pessoa para o alertar e poder ver de algum fundamento que houvesse sobre a denúncia e, aí sim, teríamos que atuar”, afirma.
D. João Lavrador defende que nestes casos os religiosos devem ser afastados de funções preventivamente, enquanto decorre a investigação.
“Ainda recentemente tivemos um triste caso na Diocese de Viana e foi o que nós fizemos. É algo de consciência. Quando isto acontece, sabendo nós hoje a realidade e gravidade do que acontece, tendo em conta a vítima, nós não podemos ter outro sentido. Tendo em conta uma denúncia que tem nome, o confronto com o padre que confirmou o que tinha acontecido, o que tem de se dizer é: tem de ser afastado do exercício enquanto decorrer e depois se verá qual é a pena que vem a seguir.”
Em relação ao apoio às vítimas de abusos sexuais na Igreja, D. João Lavrador lembra que a Comissão Independente recomendou a garantia de apoio psicológico. Agora, é preciso dialogar com entidades, como o Serviço Nacional de Saúde, que possam ajudar nesta missão.
"Ao nível das comissões diocesanas, nós estamos também a apetrechá-las com meios para que qualquer vítima que queira recorrer à comissão diocesana o possa fazer. Verificámos que, provavelmente, é bom termos também na área da saúde mental alguém que ali nos possa ajudar", sublinha D. João Lavrador.
Esta quarta-feira, a Diocese de Angra afastou dois padres e a Arquidiocese de Évora afastou um sacerdote que constavam na lista enviada pela Comissão Independente.
Se foi vítima de abuso ou conhece quem possa ter sido, não está sozinho e há vários organismos de apoio às vítimas a que pode recorrer:
- Serviço de Escuta dos Jesuítas , um “espaço seguro destinado a acolher, escutar e apoiar pessoas que possam ter sido vítimas de abusos sexuais nas instituições da Companhia de Jesus.
Telefone: 217 543 085 (2ª a 6ª, das 9h30 às 18h) | E-mail: escutar@jesuitas.pt | Morada: Estrada da Torre, 26, 1750-296 Lisboa
- Rede Care , projeto da APAV, Associação Portuguesa de Apoio à Vítima, que “apoia crianças e jovens vítimas de violência sexual de forma especializada, bem como as suas famílias e amigos/as”.
Com presença em Lisboa, Porto, Coimbra, Braga, Setúbal, Santarém, Algarve, Alentejo, Madeira e Açores.
Telefone: 22 550 29 57 | Linha gratuita de Apoio à Vítima: 116 006 | E-mail: care@apav.pt
- Comissões Diocesanas para a Protecção de Menores . São 21 e foram criadas pela Conferência Episcopal Portuguesa.
São constituídas por especialistas de várias áreas, recolhem denúncias e dão “orientações no campo da prevenção de abusos”.
Podem ser contactadas por telefone, correio ou email.
Para apoiar organizações católicas que trabalham com crianças:
- Projeto Cuidar , do CEPCEP, Centro de Estudos da Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Católica
Se pretende partilhar o seu caso com a Renascença, pode contactar-nos de forma sigilosa, através do email: partilha@rr.pt