A emergência climática justifica ações de protesto mais radicais. É o que defende uma das porta-vozes do movimento Greve Climática Estudantil. Este movimento foi o responsável, por exemplo, pelo recente ataque com tinta ao ministro do Ambiente ou a paralisação de escolas e faculdades, em Lisboa.
Em declarações ao podcast “Compromisso Verde” da Renascença, Catarina Bio explica que a estratégia do movimento é perturbar as instituições de forma a chamar à atenção para políticas que consideram ser incorretas.
“O normal funcionamento das instituições está a levar-nos para o colapso, o normal funcionamento das instituições está errado, não está a funcionar”, diz, admitindo que, nesta lógica, podem vir a promover ações que envolvam, por exemplo, o Presidente da República ou o primeiro-ministro.
Catarina Bio defende que a gravidade da situação devia ser encarada como uma “emergência”, como aconteceu “no tempo do Covid em que todas as instituições a sua principal prioridade era lutar contra esta emergência. Nós agora também estamos numa emergência, é preciso vê-la como tal”, defende.
Já Francisco Ferreira, da associação ambientalista Zero, considera positiva a diversificação do ativismo, mas reconhece ter dúvidas sobre os resultados deste tipo de ações.
“Acho que estamos a esticar a corda e pode ser contraproducente”, lembrando que, no Reino Unido, a estratégia de ações mais radicais já sofreu alterações.
O ambientalista Francisco Ferreira lamenta, por exemplo, que nestas ações muitas vezes se fale “muito mais da forma do que do conteúdo”, ou seja, as razões que motivam os protestos.
O “Compromisso Verde” é uma parceria entre a Renascença e a Euranet Plus.