Israel está a preparar-se para um ataque do Irão (ou de milícias ligadas ao país). Os alertas de retaliação pelo assassinato, na semana passada, de um alto oficial da embaixada do Irão em Damasco têm crescido nos últimos dias, e vários países pediram, esta sexta-feira, que se evitem viagens para o país.
Segundo o jornal americano "The Wall Street Journal", Israel está a preparar-se para um ataque iraniano, que pode acontecer ainda esta sexta-feira ou já no sábado. O Irão estará a preparar um ataque direto ao sul ou ao norte de Israel.
Índia, França, Polónia e Rússia lançaram alertas aos cidadãos contra viagens para a região, já em nervos por causa da guerra em Gaza, agora no seu sétimo mês. O Ministério dos Negócios Estrangeiros português juntou-se aos alertas, declarando que "devem continuar a evitar-se todas as viagens não essenciais a Israel e países da região".
"Há riscos de ataques terroristas, principalmente a instalações do Governo, militares e de segurança, transportes públicos e locais com multidões, com armas de fogo, armas brancas ou veículos, pelo que se aconselham as maiores precauções em todas as deslocações", declarou o Ministério liderado por Paulo Rangel.
O porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, John Kirby, afirmou que a ameaça do Irão é real e viável.
As forças armadas israelitas dizem que não emitiram novas instruções aos civis, mas pediram às pessoas que permanecessem vigilantes a qualquer alerta.
"No último dia, os militares conduziram uma avaliação situacional e aprovaram planos para uma série de cenários, após relatórios e declarações sobre um ataque iraniano", disse o porta-voz militar chefe, Daniel Hagari, num comunicado transmitido esta sexta-feira.
O ministério dos Negócios Estrangeiros de Israel não comentou os relatos de que algumas missões diplomáticas israelitas foram parcialmente evacuadas, e a segurança reforçada.
“A vingança vai chegar”, escreveu o maior jornal diário de Israel, Yedioth Ahronoth. “Neste momento, a premissa é que seja muito em breve, nos próximos dias”.
Israel não assumiu a responsabilidade pelo ataque aéreo do dia 1 de abril, que matou o brigadeiro-general Mohammad Reza Zahedi, comandante sênior da Força Quds no exterior do Corpo da Guarda Revolucionária Iraniana, e seis outros oficiais enquanto participavam de uma reunião no complexo da embaixada em Damasco.
Mas o líder supremo do Irão, o aiatolá Ali Khamenei, disse que Israel “deve ser punido e será” por uma operação que disse ser equivalente a um ataque em solo iraniano.
“Será muito difícil para o Irão não retaliar”, disse Raz Zimmt, investigador sénior do Instituto de Estudos de Segurança Nacional de Israel.
"Ainda acredito que o Irão não quer envolver-se num confronto militar direto e em grande escala contra Israel, e certamente não com os Estados Unidos. Mas tem de fazer alguma coisa."
O Irão possui mísseis capazes de atingir Israel directamente. Nas últimas semanas, Israel reforçou as defesas aéreas, que interceptaram milhares de mísseis disparados pelo Hamas a partir de Gaza, e pelo Hezbollah a partir do Líbano.
Os militares israelitas chamaram de volta os reservistas, em preparação para qualquer escalada ao longo da sua fronteira norte, onde são trocados tiros quase diariamente com o Hezbollah.
EUA enviam reforços para o Médio Oriente
Os Estados Unidos anunciaram o envio de reforços para o Médio Oriente, quando se intensificam na região os receios de que o Irão possa retaliar contra Israel, acusado de um ataque mortal ao consulado iraniano em Damasco.
"Estamos a enviar mais meios para a região, para reforçar os esforços regionais de dissuasão e aumentar a proteção das forças norte-americanas", declarou um responsável da Defesa norte-americana que solicitou o anonimato, sem especificar a natureza desses reforços.