A cimeira da Ásia Oriental, em que participam Estados Unidos e Rússia, terminou hoje em Phnom Penh sem um comunicado conjunto devido a referências à guerra na Ucrânia, anunciou o chefe da diplomacia russa.
"Não houve acordo", disse Serguei Lavrov numa conferência de imprensa após a cimeira que juntou a Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) e os seus principais parceiros.
"Os Estados Unidos e os seus aliados insistem numa linguagem absolutamente inaceitável em relação à situação na Ucrânia, pelo que será emitida uma declaração presidencial", disse Lavrov, citado pela agência espanhola EFE.
A cimeira juntou na capital do Camboja os 10 países da ASEAN e Austrália, China, Coreia do Sul, Estados Unidos, Índia, Japão, Nova Zelândia, Rússia e União Europeia.
A ASEAN é formada por Brunei, Camboja, Filipinas, Indonésia, Laos, Malásia, Myanmar (antiga Birmânia), Singapura, Tailândia e Vietname.
Myanmar não enviou qualquer representante à cimeira porque a junta militar, no poder desde o golpe de Estado de 2021, foi vetada pela ASEAN por não facilitar uma solução para a crise política no país.
A reunião juntou na mesma sala Serguei Lavrov, o Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, o primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, e o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel.
Numa atmosfera de divisão e à porta fechada, esperava-se que o encontro fosse dominado pela guerra na Ucrânia, a crise energética e alimentar, e a rivalidade entre China e Estados Unidos, entre outras questões.
O primeiro-ministro cambojano, Hun Sen, cujo país preside à ASEAN este ano, disse antes da reunião que estava ciente das divisões, mas também confiante de que era possível chegar a acordos para construir uma região "mais pacífica, harmoniosa e próspera".
Lavrov chefia a delegação russa, face à ausência do Presidente Vladimir Putin, que não se deslocou a Phnom Penh nem participará na cimeira do G20, na terça e quarta-feira, na Indonésia.
O Kremlin (Presidência) alegou problemas de agenda e a necessidade de Putin permanecer na Rússia para justificar a sua ausência nas reuniões.
A Rússia invadiu a Ucrânia em 24 de fevereiro deste ano, mergulhando a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1930-1945).
A generalidade da comunidade internacional condenou a Rússia pela invasão e decretou sanções contra interesses russos.
Os aliados ocidentais da Ucrânia têm fornecido armamento às tropas ucranianas, que lançaram recentemente uma contraofensiva e reconquistaram zonas que estavam sob controlo russo, incluindo parte da região de Kherson, no sul.