Um empresário agrícola de Oliveira do Hospital duramente afetado pelos incêndios de 15 de outubro decidiu colocar troncos de oliveiras centenárias ardidas em frente à sua casa como forma de protesto. Isto porque, como contou à Renascença, "até ao momento" não obteve "uma única ajuda".
Luís Falcão de Brito, que reside em Travanca de Lagos, diz que perdeu "quatro casas, trinta hectares de olival e trinta hectares de floresta" nos fogos do ano passado. A espécie de "esculturas" que decidiu criar são também uma forma de manter vivos os acontecimentos na memória coletiva dos portugueses. Decidiu inaugurá-las esta terça-feira por ser o dia em que se marcam sete meses dos incêndios que lhe levaram quase tudo.
O objetivo é que a tragédia "não seja esquecida". As oliveiras ardidas servem ainda para "homenagear as 49 pessoas que morreram” e para mostrar desagrado pelo que se passou e continua a passar.
Os troncos, que estarão iluminados à noite, têm placas com os nomes daqueles que Falcão de Brito considera serem os responsáveis pelos fogos e que têm falhado em prestar apoio às vítimas.
“A principal responsável foi a ex-ministra da Administração Interna que falhou em toda a linha”, defende, acrescentando que Constança Urbano de Sousa “até pode ser muito competente, mas mostrou uma fragilidade, um grande descontrolo e depois apanhámos aqui com um fogo completamente sem controlo, devido a incúria, incompetência e inúmeros erros refletidos nos relatórios das comissões independentes”.
O empresário considera ainda que “há pessoas que não querem que a agricultura e a floresta renasçam, como é o caso do ministro Capoula dos Santos, que é uma pessoa que não ouve nem está interessada em ajudar o interior”.
Falcão de Brito aponta ainda a o dedo à líder do CDS-PP que, diz, “está a compactuar com o ministro". Apesar de reconhecer que Assunção Cristas "fala todos os dias em Pedrógão Grande, e ainda bem", o empresário acusa-a de ter "esquecido completamente” as comunidades afetadas pelos fogos.