As obras de recuperação do edifício centenário do Liceu Camões tardam em começar. Após dez anos à espera, os alunos estão esta quinta-feira em protesto e preparam-se para fazer uma marcha lenta até à Assembleia da República.
“O teto cai-me em cima”, “chove nas salas” e “obras já” – algumas das frases que se podem ler nas faixas de protesto.
O anúncio por parte do Ministério da Educação de que está pronto a ser lançado novo concurso público com mais dinheiro para as obras não desmotivou os alunos, que contam hoje com o apoio do diretor da escola: estes jovens “têm visto os seus invernos a serem iguais. Nós só acreditamos [que as obras vão começar] quando a primeira máquina entrar na escola”.
Nestas declarações à Renascença, João Pires lembra que, nas celebrações do centenário da escola, o Presidente Cavaco Silva e a ministra da Educação da altura garantiam que o Camões iria ter uma intervenção dentro de seis meses. Mas passaram-se quase dez anos”.
Segundo o presidente da associação de estudantes da atual Escola Secundária Camões, Simão Bento, o liceu é "uma escola centenária, que nunca recebeu obras de fundo e está basicamente original".
"As condições são deploráveis. São vários os problemas que há muito nós evidenciamos. Temos feito várias ações, a escola também tem tentado ao máximo acelerar este processo, mas tem havido muita inércia. Têm existido várias promessas que não têm dado em nada", sublinhou.
Em fevereiro de 2018, os alunos do Liceu Camões concentraram-se em frente à escola a exigir uma resposta da tutela às más condições do edifício. Nos cartazes que afixaram na altura à entrada, para chamar a atenção para as falhas estruturais com que convivem todos os dias, os alunos recordaram que desde 2011 aguardam pelas obras e queixaram-se de problemas em diversos espaços - entre eles o ginásio, as oficinas de artes e alguns laboratórios de Biologia - recordando que o mau estado dos canos tem provocado diversas inundações.
O Liceu Camões é uma das escolas mais antigas da capital e chegou a ser transformado em hospital para acolher os doentes com a "gripe espanhola", em 1918.