A edição desta quarta-feira do semanário satírico francês “Charlie Hebdo” tem três milhões de exemplares e sai em mais de 20 países, com versões em cinco línguas, incluindo o árabe e o turco. O jornal já esgotou em muitos quiosques de Paris e a tiragem vai ser aumentada para cinco milhões.
As filas para comprar o jornal formaram-se logo às primeiras horas da manhã na capital francesa. Já há exemplares a serem vendidos em lojas virtuais na Internet, com valores que ascendem a quase 500 euros.
Em declarações à Renascença, o conselheiro da Câmara de Paris Hermano Sanches Ruivo conta que, na banca onde todos os dias compra o jornal a caminho para o trabalho, o "Charlie Hebdo" estava esgotado.
"Ao falar com o responsável, ele dizia que muitos dos que compraram as 20 cópias disponíveis nesse espaço nunca compraram o 'Charlie Hebdo' nem sequer concordam, forçosamente, com uma parte da linha editorial, mas acharam que era um acto cívico que deviam fazer hoje de manhã", afirma o português.
Segundo o conselheiro da Câmara de Paris, este é sem dúvida o tema central que domina todas as conversas em França.
Esta edição será traduzida em inglês, espanhol e árabe, na versão digital, e em italiano e turco, na versão em papel.
O aumento da tiragem deve-se ao facto de a distribuidora, Messageries Lyonnaises de Presse (MLP), ter recebido grandes encomendas, não só de França mas também do estrangeiro, depois do atentado de quarta-feira passada à redacção do semanário.
As anteriores edições do "Charlie Hebdo" tinham uma tiragem de 60 mil exemplares, metade dos quais era vendidos em banca.
A edição que sai esta quarta-feira para as ruas foi preparada pelos sobreviventes do ataque terrorista traz na capa uma caricatura de Maomé, de lágrima no olho, segurando um papel com a frase "Je suis Charlie", igual às utilizadas por milhões de pessoas que se manifestaram em defesa da liberdade de expressão, sob o título "Tudo está perdoado".
A importadora portuguesa do jornal satírico disse à Lusa que 500 exemplares da nova edição do "Charlie Hebdo" serão vendidos em Portugal a partir de sexta-feira.
Os escritórios do semanário no centro de Paris foram atacados na quarta-feira pelos irmãos Said e Cherif Kouachi, dois jihadistas franceses que mataram 12 pessoas, como vingança contra a publicação de cartoons de Maomé.
Os dois irmãos foram mortos pela polícia dois dias depois nos arredores da capital francesa. Os atacantes disseram ter "vingado o profeta" Maomé, caricaturado em diversas ocasiões no jornal satírico.
[notícia actualizada às 10h48]
Tudo sobre os ataques em França