O vice-presidente do PSD António Leitão Amaro afirmou esta quarta-feira que algumas soluções propostas pelo primeiro-ministro para a habitação são comparáveis às de Salazar e voltou a prometer a sua revogação se o partido for Governo.
Num painel na Universidade de Verão do PSD - iniciativa de formação de jovens quadros - dedicado à "Crise na habitação: Que respostas" -, Leitão Amaro, que coordenou as propostas do partido sobre habitação, foi um dos oradores, a par da vereadora municipal de Lisboa Filipa Roseta.
"António Costa encontra António Oliveira Salazar, em quê? No congelamento e limitações de rendas, a infeliz solução que destruiu o centro das cidades portuguesas - herança do tempo da "outra senhora" - reavivada por António Costa com novas limitações de rendas", acusou o "vice" do PSD.
O dirigente social-democrata reiterou as críticas ao pacote do Governo "Mais Habitação" e, na fase de respostas aos alunos, rejeitou em absoluto que este possa ser considerado equilibrado, como defendeu a ministra do setor, Marina Gonçalves.
"Esta ministra faz parte de uma linha crescentemente dominante dentro do PS, que é tudo menos equilibrada, só é equilibrada para quem acha que o passo seguinte é o totalitarismo comunista", ironizou.
Leitão Amaro classificou o pacote da habitação do Governo como "um disparate socialista" e considerou que representa "uma certa visão da sociedade que o PS às vezes tenta disfarçar".
"Estes "Pedros Nunos Santos, Galambas", etc, não têm nenhuma vergonha em afirmá-lo, já António Costa tenta - com medo do resultado eleitoral - não assumir a sua radicalidade socialista, mas muitas das suas medidas são puramente socialistas", afirmou, dando como exemplos o arrendamento forçado ou a limitação de rendas.
O dirigente do PSD considerou que, além de não ser equilibrado, o pacote do PS "não resolve os problemas das pessoas" e contrapôs com as medidas dos sociais-democratas, já apresentadas em fevereiro e debatidas no parlamento.
"Uma versão social-democrata que poderia resolver a crise na habitação. Infelizmente, António Costa não aceitou o repto do presidente do PSD", lamentou, lembrando que, no dia em que foi conhecido o veto do Presidente da República ao pacote de medidas do Governo, Luís Montenegro defendeu que seria o momento de o executivo "parar e reconstruir de novo" e aproveitar os contributos do PSD.
"Parece que são teimosos, mas dizemos aos portugueses e aos jovens que, no dia em que formos governo, estes disparates que estão a fazer vão ser revogados e há esta alternativa que temos e que funciona", repetiu.
A poucas horas de o Presidente da República também participar na Universidade de Verão do PSD, em Castelo de Vide, Leitão Amaro questionou-se -- e sugeriu aos alunos que perguntem a Marcelo Rebelo de Sousa - sobre as palavras duras do veto presidencial nesta matéria, dando ele próprio a resposta.
"Porque a dimensão do problema da habitação é igual à dimensão do disparate que os socialistas estão a fazer. Para eles este veto resumiu-se a uma questão institucional, mas alguém consegue pagar uma casa porque António Costa levou a dele avante no parlamento?", criticou.
Recorrendo a uma expressão do presidente do PSD, Leitão Amaro reiterou ser "um crime político por mera estratégiazinha de preservação política insistir num disparate", depois de o PS já ter assegurado que irá confirmar as leis sobre habitação sem alterações, forçando a promulgação.
O dirigente resumiu as propostas do PSD como um choque na oferta - mais casas no mercado, quer pela construção, quer pela reabilitação -, apoios transitórios à procura e o estímulo de soluções inovadoras.
Já Filipe Roseta apresentou vários números para sustentar que a última década foi "a pior" em termos de construção e salientou que a política autárquica da capital foi "desenhada para dez anos", ou seja, para dois mandatos.