Tiago Pitta e Cunha espera que Prémio Pessoa "sirva para chamar à atenção para o mar"
17-12-2021 - 16:16
 • José Pedro Frazão , Filipe d'Avillez

Portugal está na cauda da Europa em termos de áreas marinhas protegidas, diz o investigador, e Portugal está “longe de ter uma correspondência entre o discurso e a realidade”.

O vencedor do Prémio Pessoa, Tiago Pitta e Cunha, espera que o facto de ter sido galardoado sirva para chamar mais atenção para a causa do mar e da bioeconomia.

Em entrevista à Renascença, pouco depois de ter sido anunciado como vencedor do prémio, o investigador sublinhou a importância de uma nova atitude relativa aos oceanos.

“Espero que este galardão sirva para chamar a atenção para o tema do mar e para a compreensão de que há assuntos que têm vindo a ser consensualizados em Portugal, mas que depois não têm tido uma verdadeira tradução prática nesta nossa mudança de atitude relativamente ao mar”, diz.

Pitta e Cunha deseja ainda “conseguir de uma vez por todas levar aquele passo do inerte para um ativo económico para o nosso país, através da bioeconomia, esta economia que vai obrigar-nos a dissociar os recursos naturais das matérias primas e que será a economia do futuro não apenas em Portugal, mas em todo o mundo, bem como a biotecnologia”.

Como exemplo do que falta fazer, o investigador dá o atraso de Portugal nas áreas marinhas protegidas. “Efetivamente ainda temos muito trabalho pela frente porque Portugal continua na cauda da Europa ocidental no que diz respeito a áreas marinhas protegidas, por exemplo, e portanto estamos longe de ter uma correspondência entre o discurso e a realidade.”

Pitta e Cunha confessa a sua “estupefação” ao saber que tinha vencido o prestigiado Prémio Pessoa, e acredita que tal se deve à importância que o tema do mar ganhou na agenda nacional e internacional.

“Quando Francisco Balsemão me ligou a avisar fiquei surpreendido e até com alguma estupefação, porque há tantas pessoas que todos os dias trabalham tanto por causas tão importantes, que eu ser contemplado levou-me a pensar um pouco que talvez seja mais pelo facto de que o tema em que eu trabalho há mais de 25 anos hoje em dia ser um tema mais central na agenda nacional e internacional, isto é, a sustentabilidade do oceano e a importância que o oceano tem para as nossas sociedades humanas”, conclui.