O desaparecimento do jornalista saudita Jamal Khashoggi em Istambul, na Turquia, originou uma troca de acusações entre os embaixadores sírio e saudita no Conselho de Segurança das Nações Unidas, ilustrando a tensão internacional em torno deste caso.
Após uma intervenção do embaixador saudita nas Nações Unidas Abdalah al-Mouallimi, sobre a situação na Síria, o seu homólogo sírio, Bashar Ja'Afari, pediu para responder.
"O embaixador saudita falou da vontade do seu país em ajudar o povo sírio, esquecendo que o seu regime é a principal causa do desenvolvimento do terrorismo na Síria, Iraque, Líbano, Jordânia, Egito, Líbia, Afeganistão, Nigéria e sudeste asiático", disse Bashar Ja'Afari.
O embaixador sírio acusou ainda os sauditas de "assassinarem horrivelmente um jornalista", frisando que não devem intervir no que está a acontecer na Síria.
Pedindo a palavra para retorquir, o embaixador saudita afirmou que o regime sírio "não tem de dar lições de moral como o embaixador sírio acabou de fazer".
"Fala do desaparecimento de um jornalista quando há centenas de jornalistas que desapareceram na Síria ou que acabaram em prisões sírias", replicou Abdalah al-Mouallimi.
O Reino Unido e os Estados Unidos fizeram uso da palavra nesta sessão do Conselho de Segurança da ONU para relembrar que era exigido que os oradores falassem apenas sobre o assunto em agenda, a Síria.
No dia 2 de outubro, Jamal Khashoggi foi visto a entrar no edifício do consulado saudita em Istambul, onde ia pedir documentação para o seu casamento com uma cidadã turca, e não chegou a sair.
O diário The New York Times e a estação televisiva CNN noticiaram na segunda-feira que a Arábia Saudita planeia reconhecer que o jornalista morreu sob a sua custódia no consulado, numa operação cujo controlo lhe escapou, um interrogatório que "correu mal", mas que tentará distanciar dos acontecimentos a cúpula do reino.
Segundo o diário nova-iorquino, cinco dos supostos 15 envolvidos no caso são próximos do príncipe herdeiro.
Na terça-feira, a CNN noticiou, citando uma fonte turca, que Jamal Khashoggi foi mesmo assassinado dentro do consulado saudita de Istambul há duas semanas e que o seu corpo foi depois desmembrado para ser retirado do edifício.
A polícia turca iniciou hoje buscas à residência do cônsul saudita, Mohammad Al-Otaibi, que, segundo a imprensa turca, estava presente no consulado quando Khashoggi foi morto, e que abandonou Istambul na terça-feira à tarde com destino a Riade.