A declaração do estado de emergência no país poderá a ser a solução para terminar com os distúrbios nas ruas de França, defende Hermano Sanches Ruivo.
À Renascença, o antigo vereador da Câmara de Paris acredita que a medida esteja a ser equacionada pelo Presidente francês, Emmanuel Mácron, mas admite "não ser uma decisão fácil politicamente", sobretudo a um ano dos Jogos Olímpicos de Paris, em 2024.
"A imagem que a França daria não seria das melhores. No entanto, sabemos todos que se a situação ficar muito pior, não haverá outra solução [declarar estado de emergência], porque é a forma radical de poder esvaziar uma parte do espaço público, de poder aumentar uma série de controlos prévios e de ações sobre os distúrbios."
O político lusodescendente diz acreditar que os protestos não se deverão alongar por muito mais tempo, mas ressalva "outra incógnita": "O papel das redes sociais". "Nunca tiveram o papel que tiveram agora, como, por exemplo, [a distribuição do] vídeo com o que aconteceu com o Nahel e, em geral, de tudo o que está a ser vivido nas cidades".
De acordo com Sanches Ruivo, há, inclusivamente, "alguns responsáveis políticos a pedirem para ser vedado, temporariamente, o uso de redes sociais". "Seria a primeira vez, nunca aconteceu", sublinha.
No mais recente balanço das autoridades francesas, entre sexta-feira à noite e este sábado, foram detidas mais de 1.300 pessoas e 79 agentes de polícia ficaram feridos, naquela que foi a quarta noite de protestos violentos contra a morte de Nahel.
Na passada terça-feira, o jovem de 17 anos foi morto por um agente da polícia enquanto tentava escapar de uma "operação stop". O funeral decorreu - sem qualquer cobertura mediática - ao final da manhã deste sábado em Nanterre, cidade dos arredores da capital de França.