O Cardeal Sean O’Malley, que este sábado abriu a Praça Central, encontro organizado pela Conferência Nacional das Associações do Apostolado dos Leigos (CNAL), afirmou que “a partir do momento em que os Estados usurpam o poder para decidir que algumas pessoas não são dignas de viver ou autorizam a sua eliminação, toda a vida humana corre perigo”.
O Arcebispo de Boston citou um relatório feito há uns anos, nos Estados Unidos, sobre suicídio assistido e eutanásia que previa que “o suicídio assistido e a eutanásia serão praticados no contexto da desigualdade social e do preconceito que caracteriza a prestação de serviços em todos os segmentos da sociedade”.
Racismo: uma doença espiritual que ameaça o nosso mundo
Durante a sua intervenção em vídeo, intitulada "O Tikun Olam do Samaritano", o Cardeal sublinhou que o “racismo e o preconceito são uma doença transmitida de pais para filhos”.
“O seu sintoma inicial é a ilusão de que a própria raça é de alguma forma superior à dos outros. Em fases avançadas leva ao ódio, violência e incalculáveis sofrimentos. Este contágio precisa de ser eliminado”, afirmou o colaborador do Papa Francisco, que baseou parte da sua intervenção na Encíclica Fratelli Tutti. “Esta doença espiritual do racismo ainda está a ameaçar o nosso mundo no século XXI”, sublinhou.
O Cardeal, que foi bispo de Fall River, nos EUA, e estudou Português para acompanhar a comunidade lusófona da região, diz que “é tempo de olhar para o caminho que estamos a contruir como povo”.
“Gostaríamos de construir uma sociedade onde seja mais fácil ser bom, onde as pessoas conhecem a diferença entre certo e errado”, disse o Arcebispo que alertou para a divisão social e desconfiança que a pandemia da Covid-19 tem causado. “Seremos gente que se preocupa com as pessoas especialmente aquelas que são mais vulneráveis no início e fim da vida? Deve ser óbvio que fazer como sempre se fez já não serve,” sublinhou.
O encontro Praça Central decorre este sábado, 20, em Almada e tem como tema “A difícil arte da amizade social – Como é importante sonhar juntos". Durante a tarde estão previstas diversas mesas-redondas com quase 50 intervenientes que falarão sobre os temas cidadania, política, cultura e diálogo.