Confrontos entre grupos armados em Alindao, no centro-sul da República Centro-Africana (RCA), provocaram pelo menos 37 mortos, segundo um relatório interno da Organização das Nações Unidas a que a agência France-Press teve acesso.
Existem "37 mortos confirmados em Alindao", refere o documento.
Um balanço anterior dava conta da existência de sete mortos, entre os quais um padre, resultantes de combates entre milicianos antibalaka e do grupo União para a Paz na República Centro-Africana (UPC, na sigla em francês).
"Na quinta-feira de manhã, os antibalaka mataram pessoas de fé muçulmana. Uma hora mais tarde, a UPC ripostou em ataque a um campo de deslocados", especificou o porta-voz da missão da ONU no país (MINUSCA, na sigla em inglês), Vladimir Monteiro, em declarações à AFP.
Um padre foi morto durante estes confrontos e um outro está desaparecido, adiantou uma fonte religiosa em Bangui.
A igreja de Alindao e uma parte do campo de deslocados que está na localidade foram incendiados, acrescentou a fonte da ONU.
"Parte da população fugiu para a floresta. Centenas de deslocados refugiaram-se no posto militar avançado da MINUSCA", indicou Monteiro.
"Muito cedo, durante a manhã, numerosos habitantes de Alindao, em fuga dos combates, chegaram a Kongbo", declarou à mesma agência Michel Asebatcha, um notável desta localidade situada a 40 quilómetros de Alindao, na estrada para Bangassou.
Durante muito tempo base da UPC (um dos principais grupos armados da ex-coligação Séléka, dirigido por Ali Darassa), Alindao tem sido palco de confrontos entre grupos armados nos últimos meses.
Nesta vila charneira no centro do país, na principal estrada que conduz ao sudeste da RCA, um trabalhador humanitário foi morto no início de agosto e há seis meses foram mortos dois 'capacetes azuis'.
No início de setembro, a ONU tinha alertado para a situação humanitária "desastrosa" que aqui prevalecia, afirmando que Alindao estava "sob o controlo de grupos armados, reduzindo a nada o papel das autoridades locais".
A República Centro-Africana caiu no caos e na violência em 2013, depois do derrube do ex-Presidente François Bozizé por vários grupos juntos na designada Séléka (que significa coligação na língua franca local), o que suscitou a oposição de outras milícias, agrupadas sob a designação anti-Balaka.
O conflito neste país, com o tamanho da França e uma população que é menos de metade da portuguesa (4,6 milhões), já provocou 700 mil deslocados e 570 mil refugiados, e colocou 2,5 milhões de pessoas a necessitarem de ajuda humanitária.
O Governo do Presidente, Faustin-Archange Touadéra, um antigo primeiro-ministro que venceu as presidenciais de 2016, controla cerca de um quinto do território.
O resto é dividido por 18 milícias que, na sua maioria, procuram obter dinheiro através de raptos, extorsão, bloqueio de vias de comunicação, recursos minerais (diamantes e ouro, entre outros), roubo de gado e abate de elefantes para venda de marfim.