Um homem alemão de 62 anos recebeu 217 doses de vacinas contra a Covid-19, durante um período de 29 meses, por "razões particulares", avança a BBC News.
O caso ocorreu em Magdeburg, Alemanha, ao longo pandemia da Covid-19. Segundo um estudo publicado na revista The Lancet Infectious Diseases, o homem agiu por contra própria "contra a recomendação de vacinação do país" e foi considerado "hipervacinado" pelos médicos.
O estudo foi conduzido pelas Universidade de Erlangen-Nuremberga (FAU) e pelo Hospital Universitário de Erlangen que, ao terem conhecimento do caso, quiseram analisar o sistema imunitário do homem. "Soubemos do caso dele através de artigos de jornal. Entrámos, então, em contato com ele e convidámo-lo a fazer vários testes em Erlangen. Ele estava muito interessado em fazê-lo", revelou Kilian Schober, do departamento de microbiologia da FAU.
Os cientistas suspeitavam que a quantidade de doses tivesse causado uma fadiga das células imunológicas, o que diminui a eficácia da vacina. No entanto, não foi encontrada nenhuma evidência de uma menor imunidade ou de qualquer efeito negativo. “Não encontramos qualquer indicador de uma resposta mais fraca do sistema imunitário, pelo contrário", declarou uma das responsáveis pelo estudo, Katharina Kocher.
O alemão tem 134 comprovativos de vacinação e recebeu oito tipos diferentes de vacinas, incluindo as de mRNA disponíveis.
"Nós mesmos pudemos recolher amostras de sangue quando o homem recebeu uma nova vacina durante o estudo por sua própria insistência. Conseguimos usar essas amostras para determinar exatamente como o sistema imunológico reage à vacinação", afirmou Kilian Schober.
Porém, os cientistas frisaram que este é um caso único e que as recomendações de vacinação do país não mudaram. "É importante ressaltar que não aprovamos o excesso de vacinação como estratégia para aumentar a imunidade adaptativa", pode ler-se no estudo.
O Ministério Público da Alemanha chegou a abrir uma investigação por suspeita de que o homem estaria a vender certificados de vacinação a pessoas não vacinadas, mas, segundo a revista Spiegel, não foram encontradas provas de fraude.