Como se previa, Boris Johnson é o novo líder do partido conservador britânico e o novo primeiro-ministro. Grande entusiasta da saída do seu país da UE, o seu principal objetivo era chefiar o partido e o governo. Conseguiu esse objetivo, mas é altamente duvidoso que Boris Johnson resolva algum problema na conturbada política britânica.
Não unificará o seu partido – multiplicam-se as demissões de conservadores que recusam trabalhar sob as ordens de um político tão inconstante como Boris. E não se sabe como conseguirá ele renegociar com a UE algo que vá para além de uma nova declaração política, num adicional ao acordo que T. May negociou, mas não logrou ver aprovado na Câmara dos Comuns. Entretanto, Boris Johnson não trouxe qualquer contributo para resolver a questão mais intricada da saída britânica da UE: manter aberta a fronteira entre a República da Irlanda e o Ulster (Irlanda do Norte).
Aliás, as divisões no partido conservador resultam na incapacidade de este parlamento aprovar o que quer que seja. Ou melhor: já aprovou, com cerca de 40 votos de deputados conservadores, que o Reino Unido não deverá abandonar a UE sem um acordo de saída, contrariando uma das bandeiras de Boris J.
Para voltar a ser governável, dentro ou fora da Europa comunitária, o Reino Unido terá provavelmente de realizar novas eleições gerais. Arriscando-se a que o resultado destas também não resolva grande coisa…