“Tantas guerras! Em tantos lugares, ainda hoje, são espezinhadas a dignidade e a liberdade! E as principais vítimas da voracidade humana são sempre os frágeis, os vulneráveis”, lamentou o Papa, esta noite, na Basílica de São Pedro.
Na homília da missa de Natal, Francisco refletiu sobre a pobreza do nascimento de Jesus e preocupou-se com a situação de sofrimento que atinge tantas crianças e pessoas indefesas.
A manjedoura "pode simbolizar um aspeto da humanidade: a voracidade em consumir; pois, enquanto os animais no estábulo consomem alimento, os homens no mundo, esfomeados de poder e dinheiro, consomem mesmo os seus vizinhos, os seus irmãos”, disse o Papa.
“Por isso, também neste Natal, uma humanidade insaciável de dinheiro, poder e prazer não dá lugar – como sucedeu com Jesus – aos mais pequenos, a tantos nascituros, pobres, abandonados. Penso sobretudo nas crianças devoradas por guerras, pobreza e injustiça”.
O Santo Padre afirmou que é “na manjedoura incómoda da rejeição” que Deus se acomoda, “porque nela está o problema da humanidade, a indiferença gerada pela pressa devoradora de possuir e consumir”. E como é precisamente “na manjedoura do descarte” que Jesus está, Francisco garante: “N’Ele, menino de Belém, está cada criança. E está o convite a olhar a vida, a política e a história com os olhos das crianças.”
Para Francisco, não bastam os bons propósitos, porque Jesus também “não se contentou com as aparências”. Ou seja, “Ele que nasceu na manjedoura, procura uma fé concreta, feita de adoração e caridade, não de palavreado e exterioridade”.
O Papa pediu a todos que não deixemos passar este Natal sem fazer algo de bom. E uma vez que esta é a festa de aniversário de Jesus, “ofereçamos-Lhe prendas de que Ele gosta! No Natal, Deus é concreto: em seu nome, façamos renascer um pouco de esperança em quem a perdeu!”.
No final da homilia, o Santo Padre convidou os fiéis a contemplar o presépio e a reconhecer na pobreza de Jesus que “a verdadeira riqueza não está nas coisas, mas nas pessoas, sobretudo nos pobres”.