A Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) confirmou esta segunda-feira que o Irão começou a enriquecer urânio a um nível proibido pelo acordo nuclear alcançado em 2015 com as grandes potências internacionais.
"Os inspetores da agência verificaram a 8 de julho que o Irão enriqueceu urânio acima dos 3,67% [grau máximo de enriquecimento de urânio permitido pelo acordo]", disse um porta-voz da AIEA, citado num comunicado.
A nota informativa da AIEA surge algumas horas depois das autoridades de Teerão terem anunciado que estão a produzir urânio enriquecido em pelo menos 4,5%, em resposta ao restabelecimento das sanções por parte dos Estados Unidos, que decidiram, em maio de 2018, abandonar unilateralmente o pacto internacional.
A agência da ONU já tinha confirmado, a 1 de julho, que o Irão tinha ultrapassado o limite imposto às suas reservas de urânio enriquecido, fixadas nos 300 quilogramas pelo pacto internacional.
Para avaliar os últimos desenvolvimentos relativos ao acordo nuclear com o Irão, o conselho dos governadores da AIEA, cuja sede é em Viena, terá uma reunião extraordinária na próxima quarta-feira.
A República Islâmica tinha anunciado, no início de maio, que iria começar gradualmente a quebrar os compromissos assumidos no acordo caso os outros signatários internacionais não alcançassem uma solução que permitisse contornar as sanções norte-americanas e as respetivas implicações na economia iraniana.
Concluído em julho de 2015 em Viena, o acordo internacional (assinado então pelos Estados Unidos, Alemanha, China, França, Reino Unido e Rússia) determina que Teerão aceite limitações e maior vigilância internacional do seu programa nuclear em troca do levantamento das sanções internacionais.
Washington retirou-se unilateralmente do pacto há cerca de um ano, restaurando sanções devastadoras para a economia iraniana. Teerão sempre insistiu que o seu programa nuclear tem fins pacíficos, negando qualquer tentativa de desenvolver armas nucleares.
Esta segunda-feira, as autoridades iranianas indicaram que pretendem enriquecer urânio em cerca de 5% – longe dos 90% necessários para um uso militar –, com o objetivo de satisfazer as "atividades (nucleares) pacíficas" do país.