Uma onda de infeções respiratórias fora de época está a levar milhares de crianças aos hospitais.
As urgências estão cheias de crianças até aos cinco anos, muitas a precisarem de oxigénio por causa de vírus que são habituais no inverno, mas muito raros no verão.
O relato é feito por Ana Casimiro, responsável pelo Serviço de Pneumologia do Hospital Dona Estefânia, em Lisboa.
À Renascença, a pneumoligista diz que não têm tido mãos a medir. “Em 13 horas de banco, estou 12 horas efetivamente sempre a trabalhar”, porque “há mesmo muitas crianças a dar entrada nas urgências”, relata.
Apesar de o hospital contar sempre com quatro médicos a trabalhar ao mesmo tempo, a um ritmo acelerado, a pediatra queixa-se que não têm tempo livre de descanso. “Na segunda-feira, em meia hora, inscreveram-se 18 crianças na área respiratória”.
Sofrem de bronquiolites, laringo-traqueítes e outras infeções respiratórias, que muitas vezes os obriga a internamentos para receberem oxigénio. “São principalmente os pequenos abaixo dos dois anos e os suscetíveis, que já tinham quadros respiratórios como asma ou predisposição para a infeção, aí estamos a falar da faixa etária dos seis anos, abaixo disso.”
Ana Casimiro diz que a culpa desta situação é da Covid-19 e dos confinamentos que empurraram as doenças tradicionais do inverno para o verão.
“Como estivemos todos confinados, quando as pessoas começaram a desconfinar, apareceram as infeções numa outra estação. Confinamos duas vezes, dois períodos frios. O que acontece é que as crianças que, no ano passado, teriam tido estes vírus, este ano teriam tido anticorpos e não iam adoecer tanto. Estamos a levar com dois anos de doentes pequenos”, explica a pediatra em declarações.
A situação repete-se também noutros países, nomeadamente, nos Estados Unidos e na Austrália.