Bruno de Carvalho, antigo presidente do Sporting, decidiu desistir da queixa contra Rui Pinto por violação de correspondência privada, depois do dirigente ter visto o seu e-mail acedido de forma ilegal, assim como outros elementos da estrutura leonina.
"Vou desistir do procedimento criminal contra Rui Pinto por violação de correspondência", disse Bruno de Carvalho, enquanto testemunha do processo "Football Leaks".
Bruno de Carvalho vai mais longe e diz até que o e-mail que foi acedido não foi o seu: "O Rui Pinto entrou num email de um Bruno. Falhou foi no alvo".
O ex-dirigente do Sporting e atual comentador desportivo acaba mesmo por elogiar Rui Pinto e o site "Football Leaks", pela forma como iniciou diversas investigações judiciais: "Foi super positivo e espero que daqui a uns anos seja altamente moralizador. Temos de tirar o chapéu a Rui Pinto, que espoletou muitas investigações importantes, como o 'Luanda Leaks', e deu impulso à investigação no futebol"
Bruno de Carvalho disse ainda que, numa primeira fase, achava que o site do Rui Pinto era "para virar o Sporting".
Explicou ainda que, até hoje, nunca teve a perceção de ataques informáticos ao Sporting antes do dia 22 de setembro de 2015. “Não faço mesmo ideia, nunca me chegou essa informação. Acho estranho porque era um processo que me dizia respeito e eram coisas do Sporting”.O ex-presidente da SAD Sporting garantiu que apenas soube do dia 22 de setembro quando o sistema informático sofreu um apagão.
Confessou nunca ter ligado o ataque informático ao site "Football Leaks", embora tenha admitido que o departamento jurídico estava sempre atento às publicações e fazia impressões das mesmas. “Até me deu jeito que aquilo saísse. Os contratos com a Doyen eram vergonhosos", denunciou Bruno de Carvalho dizendo que o site constatações e denuncias que andou a fazer durante anos, “aquilo folgava-me as costas”.
Muito critico acusou a Doyen de ser pouco honesta “era um euromilhões onde não tínhamos de jogar e era só pedir o dinheiro”. “Fui ameaçado por querer acabar com os fundos da Doyen”, desabafou.
"Deu jeito, porque acabou a expôr a intromissão da Doyen na gestão do clube, que eu sempre critiquei. Basta ver que nos dois anos da Doyen como fundo que financiou o Sporting houve um prejuízo de 100 milhões de euros e depois enquanto eu lá estive foi um lucro de 52 milhões", disse.
Para além de Bruno de Carvalho, o Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa ouve, esta quinta-feira, Virgílio Lopes, Manuel Fernandes, Rui Caeiro, Pedro Solano Almeida e José Vicente de Moura.
O antigo presidente do Sporting já tinha dado a entender que iria desistir da queixa-crime contra Rui Pinto à chegada ao tribunal, em declarações aos jornalistas: "Não tínhamos nada a esconder. Sem dúvida nenhuma que Rui Pinto é um denunciante".
Os acessos às caixas de correio electrónico do Sporting foram realizados por Rui Pinto através de um computador com IP localizado na Hungria, bem como apartir da Universidade do Porto, à qual o arguido tinha acesso, tendo em conta que lá esteve inscrito como aluno na licenciatura em História entre 2008 e 2013.
Recolheu diversos documentos confidenciais que tornou públicos no site "Football Leaks", entre eles está o contrato do treinador Jorge Jesus quando foi para o Sporting, contrato de revogação de trabalho desportivo com Marco Silva, a minuta do contrato de empréstimo por uma época de Mitroglou, contratos de direitos desportivos e económicos, tranferências e muito mais.
[Atualizado às 13h50]