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"A covid foi uma benesse para este Governo" e Luís Montenegro "não é sujeito a alterações psicológicas". As declarações da antiga ministra social-democrata Manuela Ferreira Leite estão a inflamar o último de campanha para as eleições legislativas de domingo.
Num almoço-comício de campanha da Aliança Democrática (AD), na Estufa Fria, em Lisboa, comemorativo do Dia Internacional da Mulher, a antiga líder do PSD acusou também o PS de ter destruído o Estado social com a sua governação, de desbaratar os fundos do PRR e colocou dúvidas sobre as contas públicas no futuro.
As declarações de Manuela Ferreira Leite já mereceram críticas de personalidades do Partido Socialista, como Marta Temido e Francisco Assis.
A antiga ministra da Saúde Marta Temido lamenta o que considera ser declarações "cruéis" e desrespeitosas.
"A pandemia foi considerada uma benesse, uma bênção dos céus e consideramos no PS que essas declarações além de serem cruéis para as pessoas cujos familiares perderam a vida, mostra um desrespeito pelo esforço dos profissionais de saúde, do SNS e inclusivamente por aquilo que foi a capacidade de adaptação de resposta dos portugueses. Sentimos que foi um momento profundamente infeliz", afirmou Marta Temido, questionada pelos jornalistas durante uma ação de campanha do PS.
Ferreira Leite disse que o líder do PSD, Luís Montenegro, é "sensato" e não é sujeito a "alterações psicológicas", uma declaração vista como uma comparação com o secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos.
Para Marta Temido, "são declarações que mostram insensibilidade e perda de norte em relação ao esforço dos portugueses, ao momento que está em causa, ao futuro e àquilo que são quase as regras da democracia, da parte de uma pessoa que disse que era preciso suspender a democracia durante algum tempo".
Manuela Ferreira Leite devia pedir desculpa? A antiga ministra da Saúde considera que foi um "momento infeliz, mas ele denota uma atitude e uma forma de olhar uma realidade muito difícil para os portugueses" e "para quem estava a governar o país".
"Dizer que aquilo que o que o Governo fez em termos de apoios era o que qualquer outro Governo faria, não é verdade. Bem sabemos que em crises anteriores não foi com ajudas que outros governos responderam", argumentou Marta Temido.
Considerar que o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) "foi uma dádiva, um maná que caiu dos céus é ignorar todo o esforço que António Costa teve de liderança da UE para conquistar aquilo que é uma situação completamente diferente em matéria de resposta à crise", rematou Marta Temido.
Já o socialista Francisco Assis considera “infames” os ataques de Luís Montenegro e Ferreira Leite sobre o equilíbrio emocional e psicológico de Pedro Nuno Santos.
“Não pode valer tudo no combate político. São deploráveis os ataques infames que nas últimas horas têm sido dirigidos ao secretário-geral do PS. Pedro Nuno Santos é um político sério, um homem decente e livre, alguém em quem se pode confiar”, declarou à agência Lusa o cabeça de lista socialista pelo Porto.
Para o ex-presidente do Conselho Económico e Social, o atual líder socialista “não é, nunca foi, um vendedor de ilusões”.
“É lícito discordar dele, é inadmissível desconfiar do seu caráter ou pôr em causa a sua sensatez e a sua lucidez. Admiro em Pedro Nuno Santos por quatro características fundamentais: a decência, a coragem, a determinação e o apego à verdade. Por isso mesmo, espero que ele seja o próximo primeiro-ministro de Portugal”, afirmou.
O último a reagir foi mesmo o secretário-geral do PS. No discurso de encerramento da campanha, em Almada, Pedro Nuno Santos, acusou Manuela Ferreira Leite de ter revelado falta de respeito pelas vítimas e pelos profissionais de saúde quando considerou que a covid-19 foi uma benesse para os governos socialistas.
"Dizer que a covid-19 é uma benesse é um desrespeito pelas vítimas e pelos profissionais de saúde. É um desrespeito ao Serviço Nacional de Saúde (SNS)", declarou o líder socialista.
[notícia atualizada às 22h34]