O esforço da Casa Branca para elaborar uma estratégia para confrontar a Rússia em relação à invasão da Ucrânia está ligado a um reexame urgente por parte das agências de inteligência do estado mental do presidente Vladimir V. Putin.
Segundo o New York Times, o debate reside nas ambições do presidente russo e o apetite pelo risco que foram alterados por dois anos de isolamento do Covid, ou por uma sensação de que este pode ser o melhor momento para reconstruir a esfera de influência da Rússia e garantir seu legado. Ou então ambos.
O mesmo jornal norte-americano escreve que durante a pandemia, Putin refugiou-se num intrincado casulo de distanciamento social – embora tenha permitido que a vida na Rússia voltasse essencialmente ao normal.
Foi construída uma bolha livre do vírus em torno de Putin que supera em muito as medidas de proteção adotadas por muitos dos seus pares de outros países.
Putin tem realizado a maioria das reuniões com funcionários do governo por videoconferência, muitas vezes aparecendo numa sala espartana na sua casa em Moscovo. Mesmo quando presidentes de outros países se deslocam à Rússia, às vezes não conseguiam estar com Putin pessoalmente.
O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, teve de se contentar com uma videoconferência.
Agora Putin recebe visitas pessoais – incluindo o primeiro-ministro israelense, Naftali Bennett, que se encontrou com Putin por cerca de três horas este sábado.
Segundo ainda o New York Times, a residência de Putin e o Kremlin estão equipados com túneis desinfetantes pelos quais todos os visitantes devem passar.
Alguns dos líderes mundiais que se encontraram com Putin em recentes cerimónias diplomáticas ficaram sentados a seis metros dele numa mesa gigantesca.
Macron por exemplo recusou fazer o teste PCR porque isso tornariam o seu DNA disponível para os russos.
Mas normalmente é exigido às pessoas que estão com Putin que passem duas semanas em quarentena primeiro.
A extrema cautela de Putin reflete não apenas a idade –tem 69 anos, o que o coloca em risco relativamente alto de doença grave na Covid-19– mas os críticos descrevem como paranoia aprimorada durante a carreira anterior no KGB.
E a tendência do líder russo, disseram funcionários da inteligência norte-americana à Casa Branca e ao Congresso, é o de intensificar os seus atos quando se sentir acossado.
Assim, pensam que os próximos atos de Putin podem ser bombardeamentos indiscriminados de cidades ucranianas para compensar os primeiros erros cometidos, ciberataques direcionados ao sistema financeiro americano, mais ameaças nucleares ou talvez movimentos para levar a guerra além-fronteiras da Ucrânia.