Trasfegas de crude vigiadas. Marinha portuguesa detetou duas suspeitas desde o início da guerra
22-08-2022 - 14:30
 • Lusa

Após a invasão da Ucrânia pela Rússia, Marinha portuguesa reforçou vigilância na Zona Económica Exclusiva nacional. Uma suspeita na ZEE da Madeira e outra ao largo de Portimão levaram à intervenção da Marinha.

A Marinha reforçou a vigilância a tentativas de trasfega de crude na Zona Económica Exclusiva (ZEE) portuguesa desde o início da guerra na Ucrânia e até esta segunda-feira detetou duas situações suspeitas que suscitaram preocupação.

Contactado pela Lusa a propósito de uma suspeita de trasfega de crude a mais de 155 quilómetros de Portimão (Faro) por parte de um petroleiro com pavilhão da Síria, o porta-voz da Marinha, José Sousa Luís, assegurou que “desde o início do conflito na Ucrânia foi aumentada a recolha e tratamento de informação e também foram disponibilizados mais meios, quando necessário”.

Desde 24 de fevereiro, dia em que a Rússia invadiu o território ucraniano, a Marinha aumentou a vigilância da atividade conhecida como “bunkering” – proibida ao abrigo da Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar por causa da possibilidade de provocar um desastre ambiental – e “até há 15 dias não tinha tido nenhum movimento suspeito”.

No entanto, uma suspeita na ZEE da Madeira e outra ao largo de Portimão levaram à intervenção da Marinha.

De acordo com um comunicado divulgado no domingo, um navio petroleiro que estava a cerca de 85 milhas náuticas de Portimão alegou uma “avaria nas máquinas principais”, que necessitava “de algumas horas” para as reparar e que estava a “aguardar instruções da companhia sobre o porto de destino”.

A Marinha suspeitava de que o petroleiro estava a iniciar os “preparativos para a prática de abastecimento e trasfega de crude”, mas algumas horas depois “iniciou a navegação” para fora da Zona Económica Exclusiva portuguesa.

O porta-voz da Marinha acrescentou que a recolha e tratamento de informações é feita com recurso a “sistemas de controlo remoto, quer civis, quer militares” e que no âmbito desta vigilância, que já era “permanente” antes da eclosão da guerra na Ucrânia, já foi necessária recorrer a “um submarino na ZEE dos Açores”.