“Durante décadas, as espécies humanas têm estado em guerra com o planeta. E agora o planeta está a responder”. Foi assim que o secretário-geral da ONU começou a conferência de imprensa deste domingo, véspera da Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2019 (COP25).
Em Madrid, onde a COP25 começa na segunda-feira, António Guterres enumerou vários efeitos decorrentes do aquecimento global e avisou: “estamos num buraco profundo e continuamos a cavar. Em breve, estaremos demasiado fundo para conseguirmos escapar”.
“As alterações climáticas já não são um problema de longo prazo. Estamos agora confrontados com uma crise climática global. O ponto de não retorno deixou de estar além do horizonte; está à vista e a aproximar-se de nós”, reforçou.
Apesar de tudo, afirmou, “a minha mensagem hoje, aqui, é de esperança e não de desespero”.
“A guerra com a natureza tem de acabar e sabemos que isso é possível. A comunidade científica já nos providenciou o mapa para o conseguirmos”, salientou o secretário-geral das Nações Unidas.
Mas, para tal, “vamos ser muito claros”, é preciso “vontade política”. É isso “que está a faltar”, afirmou Guterres.
“São os políticos que irão colocar um preço no carbono; são os políticos que irão parar com os subsídios aos combustíveis fósseis; são os políticos que irão acabar com a construção de fábricas de carvão a partir de 2020 e são os políticos que irão deixar de cobrar impostos sobre o carbono, para taxar a poluição, em vez das pessoas”, apontou.
Na opinião de António Guterres, é altura de “aproveitar as possibilidades oferecidas pelas energias renováveis e pelas soluções naturais”.
O português espera, assim, que a Conferência do Clima de Madrid se revele numa “clara demonstração de grande ambição e compromisso, juntamente com demonstração de responsabilidade e liderança”.
“Também tenho grande esperança de que a COP25 consiga delinear orientações para a implementação do artigo 6.º do Acordo de Paris”, acrescentou.
Na capital espanhola vão estar meia centena de líderes mundiais. A abertura da cimeira está a cargo do primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, e de António Guterres.
Ao todo, são esperadas delegações de 196 países, assim como os mais altos representantes da União Europeia e várias instituições internacionais.
Portugal vai representado na COP25 pelo primeiro-ministro, António Costa.
Segundo os cientistas, é necessário limitar a menos de 1,5 graus o aumento da temperatura global até ao fim do século.