Já foi a uma farmácia e não encontrou o medicamento que pretende? A falta de fármacos agrava-se desde 2013, segundo um estudo da Delloite divulgado pela Associação da Indústria farmacêutica.
De acordo com o estudo realizado pela Deloitte - Diagnóstico ao (des)abastecimento do mercado farmacêutico em Portugal, 2016 – o número de utentes afectados com a indisponibilidade de medicamentos nas farmácias portuguesas aumentou 10 pontos percentuais, entre 2013 e 2016, subindo para 56%.
“A generalidade das farmácias também referiu ter sentido falhas no fornecimento de medicamentos no mercado em 2016, com 99% dos inquiridos a apontarem esta situação, valor idêntico ao verificado no estudo realizado em 2013”, prosseguem as conclusões.
De acordo com o documento, 87% das farmácias inquiridas aponta a falta de medicamentos na cadeia de abastecimento (laboratório/armazenista) como causa para a falta de fármacos e uma em cada cinco atribuiu as falhas à exportação paralela.
“Este problema tem-se agravado com a redução constante dos preços dos medicamentos, que tornam a produção menos atractiva para o mercado português, segundo 69% dos responsáveis pelas farmácias inquiridas”, lê-se no estudo.
Em comunicado, o presidente da Associação Portuguesa da Indústria Farmacêutica (Apifarma) afirma que “preços injustificadamente baixos, com motivações estritamente economicistas, colocam em causa o acesso dos doentes aos medicamentos, por agravamento da exportação paralela e consequente falta de abastecimento do mercado farmacêutico nacional”.
“A alteração dos países de referência do sistema de formação de preços, com introdução de países com realidades muito diferentes da portuguesa, só agrava o problema, uma vez que conduz a que os preços dos medicamentos aprovados em Portugal sejam dos mais baixos da União Europeia, tornando-se mais apelativo exportar”, acrescenta João Almeida Lopes.
A investigação indica ainda que 97% dos utentes referiram que o principal condicionante no acesso à terapêutica foi a indisponibilidade de medicamentos nas farmácias.
A maioria (82%) dos utentes preferiram regressar mais tarde à mesma farmácia para adquirir o fármaco em falta.
O estudo baseou-se nas respostas de 143 farmácias que reportaram falhas de abastecimento de medicamentos e nas respostas de 600 utentes que manifestaram o mesmo.