A Iniciativa Liberal (IL) acusou esta terça-feira o PS de prepotência e retaliação ao determinar que os serviços do Estado não podem pagar faturas da Endesa sem validação, considerando ser a versão moderna de “quem se mete com o PS leva”.
“PS significa também prepotência socialista porque perante declarações de um presidente de uma empresa privada que o PS não gosta, o que é que ele faz? Retalia”, criticou o presidente e deputado da Iniciativa Liberal (IL), João Cotrim Figueiredo, num vídeo enviado às redações.
Num despacho assinado na segunda-feira e enviado às redações, o primeiro-ministro, António Costa, determinou que os serviços do Estado não podem pagar faturas da Endesa sem validação prévia pelo secretário de Estado do Ambiente e da Energia, depois de o presidente da empresa ter admitido aumentos de 40% na eletricidade.
Para o líder da IL esta "retaliação" é feita de duas formas, por um lado ao obrigar à “validação de centenas de faturas todos os meses” e, por outro, “ameaçando com a mudança de fornecedores presumindo que vai haver práticas comerciais desadequadas”.
“Isto não é admissível, isto é a versão moderna de quem se mete com o PS leva. Prepotência e propaganda são as duas armas que restam a um Governo que é incompetente”, condenou.
Para João Cotrim Figueiredo, o despacho do primeiro-ministro sobre o mecanismo ibérico de fixação de preços de gás natural “revela que PS significa de facto Propaganda Socialista”.
“É de propaganda que se trata quando o Governo quer esconder que este mecanismo permite preços mais baixos da eletricidade em relação aos preços europeus no momento, mas vai originar preços mais altos do que a Europa no futuro e os mesmos beneficiários desses preços mais baixos hoje serão aqueles que pagarão os preços mais altos”, acusou.
No despacho, o primeiro-ministro sublinha o dever de o Estado proteger o interesse dos contribuintes na gestão dos dinheiros públicos perante as “ameaças de práticas especulativas nos preços a praticar pela Endesa”.
O presidente da Endesa, Nuno Ribeiro da Silva, disse no domingo, em entrevista ao Jornal de Negócios e à Antena 1, que a eletricidade iria sofrer um aumento de cerca de 40% já nas faturas de julho, e que esse aumento era justificado pelo mecanismo ibérico para controlar o preço do gás na produção elétrica.
Na sequência das declarações, o Ministério do Ambiente e da Ação Climática divulgou um comunicado, no qual rejeitava declarações de Nuno Ribeiro da Silva, classificando-as como “alarmistas”.
Depois da polémica, a Endesa acabou por emitir a segunda-feira um comunicado comprometendo-se a manter os preços contratuais até dezembro e a cumprir os compromissos estabelecidos no mecanismo ibérico.