Catarina Martins responde a Montenegro. "Recusar xenofobia e ódio é o mínimo da decência"
15-04-2023 - 19:08
 • Diogo Camilo e Lusa

Coordenadora do Bloco de Esquerda aponta que toda a democracia "tem de dizer que não ao racismo". Inês Sousa Real, do PAN, aponta que "mais tarde ou mais cedo vão ser inevitáveis as eleições antecipadas".

A marcha era pelo direitos aos animais, em Lisboa, mas na hora de falar a coordenadora do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, e a porta-voz do PAN, Inês Sousa Real, não esqueceram a política nacional.

A primeira aproveitou para comentar a entrevista de Luís Montenegro desta sexta-feira, considerando que recusar a xenofobia e o ódio “é o mínimo da decência”, enquanto a segunda diz ser inevitável o cenário de eleições antecipadas, se o Governo continuar a “defraudar” a confiança da maioria absoluta dada pelos portugueses ao PS.

A democracia tem que dizer que não à xenofobia, tem que dizer que não à política do ódio, tem que dizer que não ao racismo e isso é o mínimo da decência”, afirmou Catarina Martins, à margem do protesto que desfilou do Campo Pequeno até à Assembleia da República, numa resposta às declarações do presidente do PSD, que rejeitou acordos de Governo ou o apoio de “políticas ou políticos racistas ou xenófobos, oportunistas ou populistas” - em referência ao Chega.

Para a bloquista, a direita “não tem nada para dizer ao país” e, por isso, “está sempre a falar da sua relação com o Presidente da República ou entre os vários partidos”.

“Quando as pessoas dizem que não conseguem pagar uma casa, o que é que a direita diz? Que faria o mesmo que o Governo. Quando as pessoas dizem que não conseguem ter acesso à saúde, o que é que a direita diz? Que faria o mesmo que o Governo. Quando as pessoas dizem que não conseguem pagar a conta do supermercado, o que é que a direita diz? Que faria o mesmo que o Governo e, portanto, não consegue falar do país, fala de outra coisa qualquer”, declarou.

Catarina Martins lembrou ainda as palavras do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que afastou o cenário de eleições antecipadas “por enquanto” e considerou que é melhor discutir “as coisas que estão realmente em cima da mesa”.

"Mais tarde ou mais cedo vão ser inevitáveis as eleições antecipadas"

Já o PAN, pela voz de Inês Sousa Real, apontou baterias ao Governo e a António Costa. Para a líder do partido, o último ano demonstrou que o Governo socialista, após ter conseguido com a maioria absoluta um voto de confiança dos portugueses, “defraudou esse voto e não tem justificado a grande oportunidade sequer que tem de poder fazer a diferença e implementar as reformas estruturais de que o país precisa”.

“Muito provavelmente, se chegarmos ao final do ano e continuarmos a ter esta conjuntura política, mais tarde ou mais cedo vão ser inevitáveis as eleições antecipadas”, afirmou, à margem da marcha pelos direitos dos animais.

Questionada acerca da atualidade política nacional, a porta-voz do PAN defendeu que se não fosse a circunstância de há um ano ter havido eleições, “claramente que haveria condições para que o Governo fosse dissolvido”.

O PAN ficou reduzido a um deputado na Assembleia da República, nas mais recentes legislativas, mas a porta-voz afirmou hoje que não receia ir a eleições por entender que não irá repetir-se a “conjuntura que se verificou há um ano, em que houve um voto do medo que acabou por oscilar para o PS”.

Inês Sousa Real comentou também as declarações de sexta-feira líder do PSD, Luís Montenegro, considerando que “pecam por tardias” e que o social-democrata “não foi suficientemente claro” quando disse não querer representantes que sejam racistas, xenófobos, oportunistas ou populistas.

“Montenegro não disse de forma clara que estava a referir-se ao Chega e é fundamental que de uma vez por todas o maior partido da oposição venha dizer de forma inequívoca que não vai tolerar, nem se vai coligar com um partido antidemocrático, com um partido que claramente tem desrespeitado as próprias instituições”, afirmou.