A CDG (Caixa Geral de Depósitos) concedeu créditos de milhões sem respeitar as regras. Emprestou dinheiro em montantes elevados contrariando pareceres da Direção de Risco do banco e sem justificar a decisão.
A auditoria da EY a 15 anos de gestão da CGD – 2000 a 2015 – revela insuficiências várias, quer na governação da sociedade, quer na política de remunerações. Mas também falhas graves na análise de risco, revelando-se deficitária, e na auditoria interna, longe de ser realizada com a frequência conveniente.
"Houve operações de crédito que foram aprovadas com parecer de análise de risco desfavorável, não se encontrando documentadas as justificações para a tomada de risco contrária ao parecer da DGR, Direção Global de Risco", indica a EY na auditoria revelada esta semana.
E, entre 2007 e 2012, este cenário foi mais frequente. Foi neste período que em 7% das operações de crédito a grandes devedores a decisão foi adotada apenas pelo conselho de administração do banco público ignorado o parecer desfavorável da análise de risco.
José Sócrates era o primeiro-ministro e Santos Ferreira e Faria de Oliveira foram os presidentes executivos do banco público entre 2007 e 2012, claramente o período mais problemático identificado pelos auditores da EY. Perto de três mil milhões em créditos geraram perdas de 40%.
Como foi possível? Quem falhou? Que responsabilidades políticas e criminais devem daí resultar? São perguntas para Luís Aguiar-Conraria, Nuno Botelho e Manuel Carvalho da Silva.