O presidente do CDS advertiu esta quinta-feira o Presidente da República que deve cingir-se aos seus poderes, não se deixando arrastar para os conflitos no Governo entre o primeiro-ministro e o ministro das Finanças.
Falando aos jornalistas após ter sido recebido pelo primeiro-ministro, António Costa, em São Bento, Francisco Rodrigues dos Santos deixou também um reparo indireto ao PSD, considerando que "é um frete ao Governo" estar a pedir-se a cabeça do ministro de Estado e das Finanças, Mário Centeno.
Francisco Rodrigues dos Santos assumiu que não abordou estas questões atrás mencionadas na conversa com o primeiro-ministro.
Em relação ao Presidente da República, o presidente do CDS recomendou que será "prudente" que Marcelo Rebelo de Sousa "não se deixe arrastar para esse conflito e opte por cumprir os poderes para os quais está mandatado constitucionalmente".
"O Presidente da República deve assegurar o regular funcionamento das instituições, não lhe cabendo coordenar a ação do Governo", frisou.
Perante os jornalistas, o presidente do CDS aproveitou também para se demarcar da posição assumida pelo líder social-democrata, Rui Rio, em relação a este caso entre António Costa e Mário Centeno.
"Pelo lado do CDS não faremos um frete de pedir a cabeça do ministro das Finanças, sob pena de nos estarmos a substituir ao Governo na resolução deste diferendo que, ao que parece, tem contornos muito dúbios", declarou o líder dos democratas-cristãos.
Neste contexto, Francisco Rodrigues dos Santos salientou que "a competência pela coordenação do Governo cabe ao primeiro-ministro e a existir alguma descoordenação ela deve ser assacada ao chefe do Governo".
"A avaliar pelos rasgados elogios que o primeiro-ministro teceu ao ministro das Finanças nos últimos quatro anos, nenhum português diria que seria difícil manter um relacionamento salubre com o Ronaldo das finanças", observou.
Francisco Rodrigues dos Santos reiterou a tese de que "é insultuoso" levar-se para o debate político nacional, na atual fase da vida do país, "um assunto que não diz respeito à grande maioria dos portugueses".
"O Governo, em vez de ter um plano para o relançamento da economia e para responder à emergência social, está preocupado com um conflito que gerou internamente. De uma vez por todas, deve ser colocado um ponto final nesta sequência de episódios infelizes que desviam o foco daquilo que deveria ser a missão do Governo", acrescentou.