Jorge Andrade compreende e apoia a reação que três jogadores do FC Porto e um do Sporting já divulgaram relativamente às condições que a Direção-Geral de Saúde impõe para o regresso da Primeira Liga.
Os jogadores terão de assinar um Código de Conduta, no qual assumem a sua quota parte de responsabilidade quanto ao risco de possível contágio com a Covid-19.
Por isso, mas igualmente pelo facto de os seguros de trabalho dos atletas não contemplarem cobertura para a doença, Danilo Pereira, Tiquinho Soares, Zé Luís e Francisco Geraldes, até ver, já firmaram posição através das redes sociais.
"Os jogadores estão a defender a sua posição, e bem, para incluir esta pandemia nos seguros, em caso de alguma fatalidade. A Liga, a Federação e os clubes têm de estar ao lado dos jogadores e protegê-los. É tudo muito bonito mas quem vai para dentro de campo são os jogadores. Os jogadores têm de ir para jogo com a cabeça limpa e não ir a pensar que, se forem para dentro de campo, vão sem qualquer ajuda. Esperemos que quando recomeçar o campeonato, estas coisas estejam resolvidas", afirma o antigo defesa-central do FC Porto, em declarações a Bola Branca.
Insistindo na tecla da diluição de responsabilidades por todos os agentes e entidades do futebol, Jorge Andrade reforça a preocupação: já altamente condicionados pelo contexto de excecional gravidade devido à pandemia, os jogadores podem agora ver o trapézio ficar subitamente sem rede quanto às garantias de segurança laboral e financeira em caso de contágio com o coronavírus.
"Se é uma luta conjunta, não vale a pena culpar só os jogadores. Se o campeonato vai ser retomado e se toda a gente vai beneficiar com isso é porque algo de importante está em jogo. Os jogadores têm de se salvaguardar. Nesta altura, têm de ser todos responsáveis. Se alguma coisa correr mal, será a parte mais fraca, que são os jogadores que serão responsabilizados por um todo. E isso não me parece o mais correto", sustenta o antigo internacional português.
Nas últimas horas, sete jogadores de clubes da Primeira Liga viram ser-lhes confirmada a infeção com a Covid-19, com destaque para David Tavares, do Benfica, único caso em que o jogador em causa foi identificado.
A inevitabilidade do contágio no futebol é encarada com essa naturalidade por Jorge Andrade que, contudo, conclui que esta até pode ser uma boa altura para se despistar todos os casos que haja, a tempo de se reiniciar o campeonato com totais condições de segurança sanitária.
"Se existem casos positivos, há que ter atenção. Esperemos que não sejam todos os clubes a apresentar casos, para que o campeonato vá para a frente em segurança. Agora, é tentar isolar quem está contaminado para que não se infetem os restantes companheiros de equipa. Esperemos que os jogadores consigam recuperar para que, quando regresse o campeonato, os plantéis estejam totalmente aptos para competir. Os jogadores de futebol estão sujeitos, como está toda a sociedade, devido a esta pandemia e todos devem cuidar-se", remata.