O diálogo tem limites, disse esta terça-feira o ministro da Saúde, Manuel Pizarro, sobre as recentes polémicas no Hospital de Santa Maria, em Lisboa.
“Acredito muito nas virtudes do diálogo, mas evidentemente que o diálogo tem um limite, é que é preciso tomar decisões. No caso do Hospital Santa Maria, queria deixar claro duas coisas que parecem relevantíssimas.Primeiro, a maternidade está em pleno funcionamento, não há nenhuma razão de alarme", afirmou o ministro da Saúde.
Manuel Pizarro estranha as objeções dos obstetras e assegura que a maternidade da instituição vai tornar-se na mais moderna do país.
“Segunda questão, é que tudo isto surge, para mim, até de forma um pouco estranha, porque vamos ao fim de 50 anos em que se reclamavam obras no bloco de partos do Santa Maria. Alocamos uma verba superior a seis milhões de euros para transformar o bloco de partos no mais moderno e no maior bloco de partos dos hospitais portugueses. Não percamos esta oportunidade por haver dificuldades organizativas, pois não se pode fazer uma obra desta dimensão com o bloco de partos a funcionar", remata.
Na sexta-feira, os chefes e subchefes das equipas de urgência, com exceção de um, do serviço de obstetrícia do Hospital Santa Maria, em Lisboa, apresentaram demissão do cargo.
Sobre as razões da demissão dos responsáveis, que foi avançada pela SIC Notícias, a presidente da Federação Nacional dos Médicos (FNAM), Joana Bordalo e Sá, afirmou que vem na sequência de o Conselho de Administração ter comunicado o encerramento do serviço de obstetrícia devido às obras da nova maternidade do Hospital Santa Maria, que integra o Centro Hospitalar Lisboa Norte (CHULN).
Pronunciando-se sobre as demissões, Fernando Araújo afirmou que "importa dialogar, envolver", tendo "a certeza que todos estarão do lado da solução, que é criar melhores condições de trabalho e de resposta às utentes".
"Isto é por um bem maior, é termos melhores condições de trabalho, ninguém quer o contrário disso, e portanto acho que, havendo esse envolvimento que está a acontecer com o Conselho de Administração, com os profissionais, chegaremos seguramente a bom porto nesse sentido", acrescentou, sobre as demissões.
No dia 19, o CHULN divulgou a decisão de afastar a direção do Departamento de Obstetrícia, Ginecologia e Medicina de Reprodução (que inclui Diogo Ayres de Campos e a diretora de Obstetrícia, Luísa Pinto), alegando que a estrutura vinha a assumir posições que, “de forma reiterada, têm colocado em causa o projeto de obra e o processo colaborativo com o Hospital São Francisco Xavier, durante as obras da nova maternidade do HSM [Hospital Santa Maria]”.
O que está previsto é que, enquanto o bloco de partos do Hospital de Santa Maria estiver fechado para obras - nos meses de agosto e setembro -, os serviços fiquem concentrados no Hospital S. Francisco Xavier (Centro Hospitalar Lisboa Ocidental), que encerrava de forma rotativa aos fins de semana e, a partir de 1 de agosto, volta a funcionar de forma ininterrupta sete dias por semana.