Depois de ter sido Capital Europeia da Cultura em 2012 e Cidade Europeia do Desporto em 2013, Guimarães quer ser Capital Verde Europeia em 2025. A autarquia vimaranense apresentou uma candidatura para contrariar a tendência do galardão distinguir apenas grandes cidades.
" Somos uma cidade média com um orçamento normal. Queremos ser inspiradores. 80% das cidades europeias são mais pequenas do que Guimarães e portanto vamos mostrar como uma cidade média com orçamento médio pode aspirar a ser Capital Verde. Uma segunda característica empolgante da nossa parte é o tradicional envolvimento da população. Mais que na cultura ou no desporto, a sustentabilidade ambiental depende de cada um de nós, das nossas atitudes. Não é algo que se legisle”, afirma Adelina Pinto, vice-presidente da Câmara Municipal de Guimarães responsável pela candidatura a Capital Verde Europeia.
A vereadora vimaranense assinala que Guimarães fez uma “grande aposta” nos parques e sustenta que a cidade está “acima da média europeia” em áreas verdes. Na área dos resíduos, a vereadora do Ambiente sublinha que a compostagem é um dos pontos fortes da candidatura, alicerçada ainda na experiência de recolha porta-a-porta no centro histórico. No entanto, Adelina Pinto reconhece algumas dificuldades em áreas de reciclagens “mais abrangentes” e sobretudo para explicar algumas particularidades na gestão de resíduos no nosso país. “Nas instâncias europeias não percebem que em Portugal há competências dos municípios e outras que cabem a entidades regionais. Em Guimarães, a água depende da Vimágua [empresa criada pelos municípios de Guimarães e Vizela] mas o saneamento em alta depende das Águas do Norte. Isto significa que é preciso articular melhor . Os dados são regionais, mas não têm de acompanhar os objetivos de uma cidade”, exemplifica a autarca vimaranense.
A importância dos dados
Esta é a segunda vez que Guimarães se candidata a Capital Verde europeia. Em 2017, ficou em 5º lugar entre 13 cidades europeias. A aposta para 2025 parte de um conjunto de dados na área ambiental que, entretanto, passaram a ser recolhidos. Por isso é também “manifestamente mais técnica”, acrescenta a autarca, com base nos dados de hoje sobre a situação de Guimarães nos sectores dos resíduos, na qualidade do ar, na biodiversidade ou na água. “Comparamos estes dados com números anteriores. É uma candidatura muito de presente e não do futuro. [Avaliamos] como está a água hoje, o ruido, e depois vemos o que pensamos fazer para o futuro para melhorar os pontos fracos”, explica Adelina Pinto.
A autarquia argumenta que com mais dados é possível tomar melhores decisões. Essa foi uma das lições aprendidas com a candidatura de 2017, tornando a atual candidatura num “processo muito objetivo, não um caderno de intenções, mas um mapeamento dos factos”. A vereadora vimaranense adianta que a candidatura obrigou a perceber como os indicadores se cruzavam. “Ao contrário da candidatura anterior, a mobilidade deixou de ser um indicador próprio. Percebemos que tínhamos de colocar a mobilidade a par dos restantes indicadores. Isto é importante no trabalho interno . Quando apostamos em autocarros elétricos, estamos também a melhorar a qualidade do ar , do ruido. Isto não é departamentalizado”, garante Adelina Pinto, que sustenta que este caminho exige “instituições e equipas empoderadas” o que redunda num “ganho enorme em termos de políticas públicas.
A vereadora admite que a candidatura não pressupõe grandes investimentos. “O financiamento é secundário porque o que a Capital Verde tem é redutor. Não tem a ver com uma Capital da Cultura, não é a questão financeira que é definidora. A mobilidade exige milhões de euros num investimento que o município de Guimarães vai sempre ter de continuar a fazer, independentemente de sermos Capital Verde Europeia. O que está lá traçado como futuro, continuaremos a trabalhá-lo, porque não depende do investimento que a Capital Verde vai trazer”, explica Adelina Pinto.
E o que aprendeu Guimarães com a Capital Verde Europeia em 2020 ? “ A primeira lição é que de há intenção de desenvolver as grandes cidades como capitais verdes, que espero que tenha sido perdida. Lisboa já foi uma tentativa de contrariar a tendencia de dar o galardão às cidades do norte da Europa. O que aprendemos foi a necessidade de ter dados que nos permitam ir acompanhando o processo”, reconhece a vice-presidente da Câmara Municipal de Guimarães. Em Junho, os vimaranenses saberão se passam à “shortlist” baseada em sete indicadores específicos. O número das candidaturas e de finalistas é desconhecido. A decisão final será conhecida a 6 de outubro.