A pandemia não afetou a economia das regiões por igual. Madeira e Algarve são as mais prejudicadas
15-01-2021 - 12:09
 • João Carlos Malta

Muito dependentes do turismo, que foi o setor que mais sofreu, estas duas regiões são as mais afetadas economicamente pela Covid-19. Só há cinco atividades que viram a faturação crescer, entre março e novembro do ano passado. Saiba quais são.

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Os dados são referentes aos primeiros oito meses da pandemia da Covid-19. A região do Algarve, seguida da Madeira, são as que mais foram afetadas em termos de faturação pelas mudanças que o novo coronavírus trouxe. Os dados foram recolhidos pelo INE, com base na informação recolhida pela Autoridade Tributária (AT) através do e-fatura.

Entre março e novembro de 2020, verificou-se em Portugal uma redução homóloga de 14,8% no valor da faturação . Neste período, destacam-se em relação à média nacional, o Algarve (-29,1%), a Madeira (-21,9%). Acima dessa mesma média está também a Área Metropolitana de Lisboa (-18,4%).

Nas regiões com maior contração homóloga do valor de faturação, a hotelaria foi a atividade que mais contribuiu para a quebra, representando mais de 25% dessa diminuição.

Em sentido contrário, as regiões mais resilientes foram a das sub-regiões Tâmega e Sousa e Área Metropolitana do Porto. Estas que até foram as zonas do país em que o número de casos confirmados por 100 mil habitantes no período em análise foi superior ao valor do país,

No pólo oposto, Algarve, Região Autónoma da Madeira e Alentejo Litoral apresentaram um número de casos confirmados abaixo da média do país e uma contração do valor faturado relativamente mais acentuada

Em todas as regiões, a contração da economia foi mais acentuada de março a maio (-23,1% em Portugal), período coincidente com a fase de confinamento associado ao primeiro estado de emergência. Os meses seguintes, apesar da quebra, foram os menos negativos (-11,8% entre junho e agosto e -9,6% de setembro a novembro).

Neste período, as atividades relacionadas com a hotelaria, os espetáculos e atividades desportivas foram as que mais sofreram com a crise pandémica. Faturaram menos de metade do que no mesmo período do ano anterior.

Apenas cinco atividades crescem

Num período de grande depressão económica, apenas cinco ramos registaram acréscimos de faturação face ao período homólogo: fabricação de produtos farmacêuticos de base e de preparação farmacêuticas (+19,8%), investigação científica e desenvolvimento (+10,7%), consultoria e atividades relacionadas de programação informática; atividades dos serviços de informação (+7,6%), telecomunicações (+4,4%) e construção (+4,0%).

Os restantes ramos de atividade económica registaram decréscimos, destacando-se as atividades de alojamento (-67,6%) e as atividades artísticas, de espetáculos, desportivas e recreativas (-50,6%) – onde o valor de faturação de março a novembro de 2020 representou menos de metade do valor faturado no mesmo período em 2019. Com redução do volume de faturação superior a 40% destacavam-se ainda a restauração (-43,2%) e a fabricação de coque e de produtos petrolíferos refinados (-40,3%).

O conjunto destes quatro ramos de atividade económica representava, em 2019, 7,0% do valor global faturado em Portugal.

Ponderando a variação homóloga do valor de faturação em cada ramo da atividade económica pelo respetivo peso na faturação total, permite concluir que a contração total registada de março a novembro de 2020 (-14,8%) se deveu maioritariamente aos ramos comércio (-4,3 p.p.) e atividades industriais (-4,1p.p), que representaram no seu conjunto 57,1% na redução total.