Na crise que levou à invasão da Ucrânia pela Rússia o Presidente Biden decidiu transmitir publicamente toda ou quase toda a informação de que dispunha sobre as intenções de Putin. Assim, em dezembro a Casa Branca adiantou que a Rússia iria invadir a Ucrânia no início de 2022 com 175 mil militares. E depois, quando Putin classificava de “histeria” os alertas de J. Biden, e alguns na Europa falavam no “interesse americano” em promover uma guerra, sucederam-se alertas de uma próxima invasão. E foi uma brutal invasão que tragicamente aconteceu.
O semanário britânico “The Economist” elogia a transparência dos avisos de Biden. E diz que só um Presidente poderia contrariar a tendência para o sigilo dos serviços de informação. Os alertas de Biden não evitaram a invasão, mas terão impedido Putin de recorrer a falsos pretextos para tentar justificar o avanço das suas tropas. Esses alertas contribuíram também para reforçar a unidade dos aliados da América face a Putin.
O “Economist” aborda ainda até onde uma política de transparência informativa poderia contrariar a mentira de Trump, segundo a qual a última eleição presidencial teria sido ganha por ele, Trump, que não esconde a admiração por Putin e que em 2016 foi eleito presidente com a ajuda de notícias falsas.
Hoje é difícil contrariar uma mentira que um grande número de votantes do partido republicano desde há muito interiorizou como verdadeira. Mas, afirma o “Economist”, a política de transparência poderá antecipar-se a novas “fake news” (notícias falsas), que são previsíveis. Combater a desinformação poderá, assim, tornar-se uma arma também na política interna americana.