O 1º de Maio assinalou-se no dia em que terminou o estado de emergência em Portugal, mas a pandemia de Covid19 não deixou ainda de continuar a imprimir marcas profundas a determinar boa parte dos caminhos do futuro no mundo do trabalho. Mais ainda do que uma clara ameaça para a saúde pública, as disrupções causadas pela pandemia no plano económico e social, colocam em perigo os meios de vida de milhares de pessoas e o bem-estar coletivo no curto e médio prazo.
A pandemia transformou o universo do trabalho e alguns efeitos do choque vão ser duradouros. A crise sanitária veio também acelerar tendências e desafios que já vinham confrontando o mercado de trabalho na Europa. Nestes casos está a digitalização e a automação acelerada, maior uso da IA, problemas dos trabalhadores online-teletrabalho e em várias outras formas de emprego não- padronizadas.
Na agenda política portuguesa há também questões por resolver nas negociações à esquerda para o próximo OE, como as alterações ao código do trabalho para regularizar a atividade nas plataformas digitais (em resultado, por exemplo, do desenvolvimento de unidades de transporte e entrega, consequência da necessidade de distanciamento social) – a chamada regularização da ‘uberização’.
Este é o pano de fundo para a Cimeira Social do Porto que vai desenhar a agenda europeia para os próximos anos com o plano de ação do Pilar Europeu dos Direitos Sociais. Os objetivos propostos até 2030 são ambiciosos: taxa de empregabilidade na UE de, pelo menos, 78%, ter 60% dos adultos envolvidos anualmente em formações e reduzir em 15 milhões o número de europeus em risco de exclusão social.
Quantos destes objetivos são realistas? Que mudanças impostas pela pandemia vieram para ficar no mundo do trabalho? São duas das questões para a análise de Carvalho da Silva, sociólogo, Nuno Botelho, empresário e Rosário Gamboa, professora do ensino superior a olharem também para a entrada na última fase do plano de desconfinamento em Portugal.