O grupo parlamentar do PS anunciou esta terça-feira que pediu a audição parlamentar do conselho de administração da Galp, da presidente da Câmara de Matosinhos e do ministro do Ambiente sobre o anunciado encerramento da refinaria nesta localidade.
“O grupo parlamentar do PS foi surpreendido pela intenção da Galp de encerrar a refinaria de Matosinhos. Ficámos muito surpreendidos com uma decisão que implica o despedimento de centenas de trabalhadores que trabalham direta e indiretamente naquela refinaria”, afirmou o deputado e vice-presidente da bancada socialista Hugo Pires, em declarações aos jornalistas no parlamento.
O deputado salientou que, além dos despedimentos, a empresa deixará também no local “uma pegada ecológica muito grande”.
“Achamos que não pode, na calada da noite, anunciar estes despedimentos, por isso o grupo parlamentar do PSD requereu a audição no parlamento do Conselho de Administração da Galp, da presidente da Câmara de Matosinhos e do ministro do Ambiente”, anunciou.
Hugo Pires, que integra a Comissão de Ambiente, salientou que o PS defende a descarbonização da sociedade e uma “transição justa” para novos comportamentos em algumas atividades económicas, mas salientou que “as pessoas estão em primeiro lugar”, sobretudo numa época de crise económica e social.
“Temos de ter essa sensibilidade e desacelerar em alguns momentos essa transição”, afirmou.
Também o PCP e BE já tinham anunciado na segunda-feira o pedido de audição parlamentar do ministro do Ambiente e da Ação Climática, Matos Fernandes, sobre este assunto.
A Galp anunciou na segunda-feira que vai concentrar as suas operações de refinação e desenvolvimentos futuros no complexo de Sines e descontinuar a refinação em Matosinhos a partir do próximo ano, uma decisão que o Governo já referiu que "levanta preocupações" em relação ao destino dos trabalhadores, mas lembra que as medidas anunciadas se inserem num processo que visa a descarbonização do setor energético.
A decisão da Galp de concentrar operações em Sines e descontinuar a refinação em Matosinhos a partir do próximo ano foi avançada em comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).
Nele se refere que a empresa “continuará a abastecer o mercado regional mantendo a operação das principais instalações de importação, armazenamento e expedição de produtos existentes em Matosinhos”, e que está a “desenvolver soluções adequadas para a necessária redução da força laboral e a avaliar alternativas de utilização para o complexo”.