O Novo Banco diz que 80% dos emigrantes lesados aceitaram a proposta apresentada para resgatarem os seus investimentos. A informação está avançada pela Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).
A solução comercial apresentada, e que teve de ser autorizada pelo Banco de Portugal, garante pelo menos 60% do capital investido. Caso o investimento seja convertido num depósito a prazo a dois anos e até 90% se a troca for feita e os empréstimos mantidos por seis anos.
Ao todo, os emigrantes tinham subscrito aplicações num valor global de 720 milhões de euros.
O Novo Banco fez em Julho uma proposta aos clientes não residentes que subscreveram séries comerciais sobre acções preferenciais comercializadas pelo BES para que venham a receber o capital investido, de forma faseada. Os emigrantes têm reclamado o dinheiro investido, afirmando que se sentem lesados porque sempre quiseram aplicar as poupanças em depósitos a prazo (com capital e juro garantidos) e que foram os gestores do BES que aplicaram o dinheiro em acções preferenciais, sem o seu conhecimento.
O ministro da Presidência aprova o acordo. Esta foi uma decisão que deixou Luís Marques Guedes satisfeito, ainda que tenha sublinhado que este assunto não é da responsabilidade do Governo.
Aplicações congeladas
O Novo Banco tem vindo desde há um ano a resolver situações pendentes de aplicações de clientes que ficaram congeladas pela resolução do Banco de Portugal ao BES e que tinham como activos subjacentes dívida sénior do BES, que por via da resolução transitaram para o Novo Banco.
As soluções apresentadas desde Outubro do ano passado envolveram um total de cerca 12.500 clientes e um valor aplicado perto de dois mil milhões de euros, sendo que as soluções apresentadas no caso das séries comerciais e na gestão discricionária de carteira tiveram uma aceitação de 99% dos casos.
A 3 de Agosto do ano passado, o Banco de Portugal tomou o controlo do BES, após a apresentação de prejuízos semestrais de 3,6 mil milhões de euros, e anunciou a separação da instituição em duas entidades: o chamado 'banco mau' (um veículo que mantém o nome BES e que concentra os activos e passivos tóxicos do BES, assim como os accionistas) e o banco de transição, que foi designado Novo Banco.